sábado, 25 de julho de 2009
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segunda-feira, 29 de junho de 2009
PAPA - PIO XII - Plano de Sequestro e Morte
Revelam detalhes do Plano de
ROMA, 17 Jun. 09 / 04:15 am (ACI).- O jornal Avvenire da Conferência Episcopal Italiana publicou esta terça-feira um artigo no que revela alguns detalhes do plano de Hitler para seqüestrar ou matar o Papa Pio XII, como uma maneira de expressar seu rechaço e "castigar" os italianos pela detenção de Mussolini. O jornal precisa que já tinha informação sobre este assunto de uma fonte direta, quando em 1972 o filho de um dos personagens chave envolvido com este assunto, Niki Freytag von Loringhoven, deu seu testemunho sobre este assunto em Munique.
sábado, 20 de junho de 2009
Em 2020 Metade da População Brasileira Será Evangélica
“Baseado em dados estatísticos do SEPAL, estima-se que 50% da população brasileira “poderá” ser evangélica. Para a revista (Época), a influência evangélica em 2020 "contribuirá para:
1 - a diminuição no consumo do álcool,
2 - o aumento da escolaridade e
3 - a diminuição no número de lares desfeitos, já que a família é prioridade para os evangélicos.”
http://portal.padom.com/2009/06/02/metade-do-brasil-evangelica/
Respondendo, primeiro aos sofismas:
2- A escolaridade dos evangélicos é sofrível. Vemos pelo falar errado dos pastores.Veja o texto errático do site de um “Bacharel em teologia” evangélico:
"aletar tome cuidado com falcificadorescuidado com falcificações todos os nossos coordenadores e professores da faiterj ( faiteba )é por obrigação ter a credecial de identificação e estorico escolar quem é formadopela faculdade se não se identificar cuidado tem coisa érrada.nossos cursos vem com o carimbo da faculdade e o carimbo de liberação do MECtodas as documentações vem com o carimbo da faculdade e liberação do MECcoidado são muitos os falcificadores mande se identificar é só um alerta para vcnão coma gato por lebre.o unico representante diretor aque em itabuna e região se chama PB, RADAMERIS"
http://www.pbradameris.blogspot.com/
3- Os lares e famílias evangélicas explodem em divórcios. Um jornal perguntou para o divorciado bispo evangélico Fábio Caio:
“Os evangélicos estão se divorciando em grande quantidade. É apenas uma tendência passageira ou uma dura realidade atual?”
Resposta do Fábio Caio:
“A meu ver o que está acontecendo é apenas a explicitação do que antes 'se varria para baixo do tapete...' Eu passei a vida toda vendo casais separados de alma vivendo sob o mesmo teto... inúmeros pastores. Até hoje conheço centenas que me confessam que vivem da ‘aparência’... mas que não há amor e nem ‘casamento’ entre eles e suas esposas... Ora, para fins de 'consumo social'... tais casais não se 'separaram'... embora, de fato, vivam vidas divorciadas... A sociedade já se divorcia faz tempo. A novidade é a oficialização do divorcio no meio evangélico.”
http://www.caiofabio.com/2009/conteudo.asp?codigo=00227
Como se não bastasse, são exatamente os protestantes e evangélicos que estão fundando as igrejas gays, que casam homem com homem, e mulher com mulher, abolindo a família em todo o mundo.
http://www.orkut.com.br/Main#FavoriteVideoView.aspx?uid=4013648790580875712&ad=1216321886
Desfaz-se o engodo subliminar.
(E não é porque se “converteram” ao protestantismo depois de presas)
Igrejas e culto : Igrejas evangélicas, 56,2 % da população carcerária, 49,2% das famílias desta população.
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64% DOS PASTORES E EVANGÉLICOS SÃO PORNOGRÁFICOS E TEM ATIVIDADE SEXUAL SECRETA! 25% COMETERAM ADULTÉRIO
Patrick Means, em seu livro Men's Secret Wars (As Guerras Secretas dos Homens), numa pesquisa entre os “evangélicos” destaca: 64 por cento dos pastores evangélicos e leigos têm problemas com vício sexual, inclusive pornografia e outras atividades sexuais secretas.
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Das 3 mil mulheres que procuram ONG da Zona Leste, que assiste vítimas de violência, 90% são evangélicas agredidas física ou verbalmente pelos maridos - que, na igreja, são exemplos de bondade. Fonte:
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Os “casamentos” de gays e lésbicas explodiriam, envergonhando Deus:
http://patraoblog.wordpress.com/2007/12/26/igreja-evangelica-permite-casamento-gay/
EUA: Igreja Metodista admite pastora lésbica
http://casamentocivil.org/casamentocivil/news.asp?uid=220304A
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Estudo: Fernando Nascimento.
17 jun (3 dias atrás) FERNANDO E provando que “crente” bebe:
Pastor Evangélico é acusado de abusar sexualmente de menina de 13 anosE diz que estava bêbado:
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sábado, 13 de junho de 2009
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quinta-feira, 11 de junho de 2009
DLP-II
Em certa ocasião, em palestras com amigos, o “reformador” se referiu a um desastre que
ERFURT - Lutero pensou que ia morrer. |
Noutra feita Lutero disse que, ao regressar de uma viagem a Mansfeld, surpreendeu-o violenta tempestade; uma faísca elétrica lhe caiu aos pés, enchendo-o de pavor; nesta ocasião teria exclamado: "Valei-me Sant’Ana; quero ser monge". Teriam sido tais acontecimentos a causa da vocação de Lutero?
Certamente Lutero fez logo o que prometera. Pela última vez reunião os amigos em festa íntima e, no fim, convidou-os a acompanhá-lo. Relutaram. Afinal o seguiram, conforme lhes pedira. Deste modo, a 16 de julho de 1505 Lutero ingressava no Convento dos Agostinianos em Erfurt.
“Entrei para o Claustro, explica ele, porque estava desesperado de minha salvação”.
Ali a vida de nosso pretendente foi dividida entre a oração, o estudo da Sagrada Escritura e dos escritos dos santos padres.
Pouco depois da sua ordenação, foi Lutero transferido para Wittemberg; ali encontrou o vigário geral da ordem, Pe. Staupitz, que desempenhava, além do cargo d3e superior, o de professor de exegese na universidade local.
Devendo, Staupitz, visitar, de vez em quando, as residências da província, mal podia dar cumprimento ao seu ofício, pelo que cogitava desistir e passar a cátedra de mestre a um sucessor da mesma ordem. Para substituí-lo, pensou em Lutero e aconselhou-o a se preparar, para tirar o bacharelato em Sagrada Escritura, afim de se habilitar a exercer o cargo de professor desta disciplina.
Efetivamente Lutero seguiu-lhe o conselho. E em 9 de março de 1509 colou grau de mestre na referida matéria.
Estudos assim precipitados e acumulados permitiram-lhe conquistar o ambicionado posto, mas não lhe deram o tempo de assimilar as doutrinas vistas, motivando isso, no espírito dele, uma verdadeira balbúrdia de idéias, sem fundamentos, sem provas e sem nexos.
Grisar observa que, mesmo em Elbstad, foram falhos os estudos do “reformador” \(Grisar, 43). De Wittemberg transferiram-no para Erfurt, novamente, para que desempenhasse ali o professorado como leitor de teologia, que estudara com pressa, incompleta e erradamente.
Em Erfurt o novo leitor de teologia foi encontrar dupla guerra: - na cidade onde encontrara uma insurreição popular, e no convento dos frades Agostinianos no qual a discórdia era de espécie diferente.
A Congregação abrangia nesse tempo duas províncias: a parte alemã, mais rigorosa na observância das regras, e a saxônica, um pouco mais mitigado no rigor primitivo.
Sendo sido o Pe. Staupitz nomeado Vigário Geral provincial, para a Alemanha, procurou reunir as duas províncias sob sua alçada, nelas introduzindo a observância rigorosa.
A Santa Sé favoreceu esta medida de união, permitindo também que as duas partes se reunissem e escolhessem um só Vigário Geral.
A escolha recaiu em Staupitz. Isto agradou a quase todas as casas.
Setes entre as da província alem]ã resolveram protestante e entre elas estava o convento de Erfurt. Foi enviada uma deputação a Roma para defender os interesses dos insubmissos, perante a Cúria Romana; Lutero integrava esta comissão.
Que impressão trouxe ele da Cidade Eterna?
Uma visão toda materialista, como se descobre pelo seu modo de descrever o que vira ali.
Não tinha o “reformador” alma de artista, para admirar grandezas, panoramas, antiguidades; nem possuía um espírito perspicaz capaz de penetrar e ler a história nos monumentos. Pouco empenho lhe ofereceu a estadia na grande metrópole do Cristianismo. Desejava ver o Papa e não o conseguiu, pois o Santa Padre estava então em viagem pelo norte da Itália. E a reclamação contra a união das duas províncias agostinianas não foi aceita por Roma, o que contrariou bastante o frade descontente.
Parece que Lutero não retornou mais a Erfurt, mas foi logo se fixar em Wittemberg, onde continuou a estudar teologia. Em outrubro de 1512 aí recebeu o barrete e anel doutoral na matéria; no mesmo mês começou a lecionar Sagrada Escritura, substituindo Staupitz. Neste ponto é que Lutero começou a manifestar os e=seus erros de princípios, e a sua ignorância em assunto teológicos.
Em 1515 iniciou ele a explicar a Epístola de São Paulo aos Romanos, e foi da má compreensão e interpretação desta carta paulina que o professor extraiu os erros sobre a graça e a salvação.
Dois foram os erros fundamentais do novo catedrático – primeiro: SÓ A BÍBLIA É A REGRA SUPREMA DE FÉ; segundo: O HOMEM É JUSTIFICADO SÓ PELO FÉ, E AS BOAS OBRAS DE NADA VALEM PARA A JUSTIFICAÇÃO.
Desde esse tempo apareceram como pontos básicos de todas as suas doutrinas esses dois erros.
A primeira destas regras de crença substitui a autoridade da Igreja, supremo juiz em questões de fé, pelo livre arbítrio, infligindo, assim um golpe infernal na unidade visível da cristandade.
A outra perverte toda a doutrina das relações entre a criatura e o Criador.
Combinados, estes dois princípios subversivos produzem a mais tremenda desordem moral nas almas e na sociedade.
Teria Lutero aprofundado a extensão destes seus postulados de crença? Impõe-se-nos imperiosa a questão e a resposta é de longo alcance.
Julgamos que não.
Demais, ele era de caráter altivo, orgulhosos, com uma inclinação natural demais acentuada, para a revolta. Um homem desse quilate é geralmente teimoso.
Durante quinze séculos a Igreja interpretara e expusera a Bíblia à luz de sua tradição, de sua própria história e, infalível no seu ensino e nas suas decisões a respeito, fora a regra viva de fé no passado.
O monge rebelde não atinou com o valor e a segurança desta autoridade suprema, e o seu orgulho supremo levou-o a crer que o homem é a sua própria regra de fé. Para ele não havia outra fonte de verdade revelada senão um livro mudo (embora inspirado) de que cada indivíduo é constituído juiz. Este livro, portanto, tem de ser o guia e a norma de fé para todos indistintamente, tornando-se todos infalíveis, excluídos, naturalmente, os sacerdotes, os bispos e o Papa.
Lutero não tolerava a existência de uma homem infalível na Igreja; mas, por cúmulo de contradição, admitia serem os indivíduos todos infalíveis, exceto o Pontífice de Roma, que na verdade é o único infalível por divina instituição.
Em teoria tal era a doutrina de Lutero, embora na prática não aceitasse que ninguém contradissesse às suas opiniões.
O princípio: - “A JUSTIFICAÇÃO SÓ PELA FÉ” – era igualmente deletério e perverso, pois deveria produzir os mais desastrosos resultados numa sociedade decaída.
Conforme o ensino católico, a fé que justifica é uma fé viva, isto é, fundada na revelação e informada pela caridade.
Vê-se logo a perversidade do falso intérprete. São Paulo pretende mostrar que lque, para alguém se salvar, não basta executar apenas as obras prescritas pela lei de Moisés, mas que, além disso, é mister possuir fé em Deus; Lutero, porém, depois de liquidar as obras da lei mosaica, suprimiu, ainda as da nova lei, contentando-se unicamente com a fé.
E, como na Epístola de São Tiago se lêem estas palavras textuais: “O HOMEM É JUSTIFICADO PELAS OBRAS E PELA FÉ, E NÃO PELA FÉ SOMENTE” (Tiago 2,14-28), o inovador taxou esta epístola de “EPÍSTOLA DE PALHA”.
Tal é a “grande” descoberto de Lutero, que constituía para ele a suprema novidade, mas que, para o mundo, não era mais que a grande heresia.
Neste seu peculiar modo de entender a Bíblia apalpa-se a sua falta de conhecimento seguro.
Está aí o princípio da decadência do “reformador”, cujos fundamentos remotos o vimos beber na errônea filosofia nominalista que seguira desde os bancos de escola superior.
Aí fica a primeira fase da vida de Lutero. Visto através dum olhar superficial, nada ainda se apresenta de muito importante; no entanto, no âmago desta alma irrequieta graves problemas se agitavam.
Querer julgar Lutero pelos acontecimentos em que passou a exercer influência preponderante na época é recolher efeitos como se fossem causas, e atribuir a um destino cego aquilo que na verdade é uma conclusão final.
A primeira educação na casa paterna, os primeiros estudos, o ambiente em que se encontrava, a conversão – tudo isso constitui necessariamente a trama que devia moldar o caráter e orientar as tendências de Lutero.
Pelas notícias que nos ficaram dos seus tempos escolares nota-se que ele fora um menino traquinas, insubordinado, colérico, e dado à independência e insubmissão. Não se castiga continuamente um aluno bem comportado e exemplar. E Lutero foi punido a toda hora.
Não concorde e sempre reclamando contra penas e ordens, de contínuo avesso a quem não lhe seguisse às idéias, assim cresceu o futuro “reformador”.
Pertencendo a uma época bastante viciada, privado de carinho e vigilância, a estrada de corrupção precoce estava largamente aberta em sua frente, prometendo saciar-lhe os instintos...
Ao orgulho juntou-se a imoralidade. A acusação é grave. Exige provas. Ei-las:
DLP-III
Índice do Livro
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A QUEDA DE LUTERO
A fisionomia da mocidade de Lutero já nos é conhecida. Esse período de sua existência não foi, de certo, a preparação condigna para a missão tão sublime de quem se dizia chamado por Deus para mudar por completo as idéias de um século e reformar a Igreja de Cristo.
Bom é que o leitor saiba logo nada estar eu adiantando por minha conta e risco. A minha apreciação vai apoiada sobre os documentos contemporâneos, pois recorri aos melhores autores modernos que relataram os fatos (*).
Anteriormente vimos as tendências de sua meninice; estas já se apresentam como sinais certos na mocidade; afinal, na idade madura, serão fatos consumados. Temos assim, realizada a palavra da sabedoria:
“O homem não se afastará, na velhice, do caminho seguido em sua mocidade. O que não juntaste em tua juventude, como o poderás encontrar em tua velhice?” (Eclesiástico 25,5)
Entremos agora nos meandros da segunda fase desta existência, tristemente célebre e cinicamente corrupta.
WITTEMBERG
Vimos Lutero exercendo o professorado na universidade de Wittemberg: aí insensivelmente se precipitou no maiores absurdos e erros que, por cúmulo de obcecação mental, tomou como “A DESCOBERTA DA VERDADE”, sepultada pelos antigos.
Pode-se acreditar na sinceridade de sua conversão? Optamos pela afirmativa, muito
Por que este medo?... Devido aos dois motivos já expostos: o seu gênio arrebatado que nos primeiros anos lhe atraíra tantos castigos, e sua vida livre e desregrada da mocidade.
Examinando-se tudo atentamente, nota-se que a conversão de Lutero, conquanto se tenha como sincera de sua parte, não possuía fundamentos suficientemente sobrenaturais, para agüentar o peso de sua estado de sacrifícios preparativos à santidade.
Ingressando no convento, o seu ânimo irrequieto achou nesta ambiente, quanto nos múltiplos afazeres que o envolviam, uma preocupação para mantê-lo, relativamente à parte externa, na linha reta do dever.
Mas o conhecido axioma – OMNE VIOLENTUM NON DURAT – achou em Lutero a aplicação cabal. Quis sair do mal e praticar o bem; faltando, porém, o apoio sobrenatural à sua resolução, este seu voluntarismo, redundando num esforço contínuo, se transformou, para ele, num jugo e num tormento.
Esta oposição formal entre as idéias, ou tendências de Lutero, e o seu teor de vida, gerou nele um terrível escrúpulo, pelos modernos psicólogos denominado OBSESSÃO; estado de alma em mais comum do que geralmente se cogita, sobretudo entre estudantes e intelectuais.
>>>> Obsessão ou Escrúpulo? <<<<<
Para disfarçar a sua realidade, empresta-se-lhe o nome benigno de neurastenia, nervosismo, mania; no entanto, fundamentalmente, não passa de uma verdadeira moléstia: a OBSESSÃO ou o ESCRÚPULO.
Ao começar manifestar-se, esta importuna impressão é mal e mal perceptível, não indo além de um abatimento que inquieta, de qualquer coisa obscura e AMEAÇADORA. Logo, porém, esta disposição se altera: o pavor se determina, a IDÉIA fixa aparece como fator principal e pesa sobre todas as deliberações da pessoa, influindo em sua vida afetiva, sobre tudo o que faz; num palavra, tal idéia IMPORTUNA E PACIENTE.
Muitas vezes não ultrapassa os limites de um simples “talvez”, mas é uma dúvida inquietante a martirizar o doente; tal estado, afinal, assume, assim, pouco a pouco, aspecto de verdadeira loucura.
Como efeito do fenômeno, o obsesso se vê assaltado de vacilações da mente, condenado a nunca encontrar certeza, exatamente nas questões que mais de perto lhe dizem respeito. Basta pretender ele uma coisa, para logo se lhe apresentarem as mais fantásticas indecisões, aborrecendo-o e impelindo-o a odiar o que mais amava e apetecia.
Foi em conseqüência desta disposição, que Lutero viu nas moléstias que o atingiram, até em simples acidentes sem importância, tremendas ameaças e castigos de Deus. Isto nos revela a sua decisão repentina de se fazer monge.Desde então já ele era vítima de uma obsessão de cuja tirania inutilmente procurou safar-se.
Estas ligeiras observações psicológicas acham confirmação plena nas palavras e nos gestos subseqüentes de Lutero, após a entrada no convento. Ouçamos algo de seus escrito de 1535, em Wittemberg, já ex-frade, no seu comentário à epístola aos Gálatas:
“Quando ainda monge, julgava-me perdido, sem salvação possível, sentindo, com tamanha violência, impulsos e atrativos pecaminosos e uma tendência acentuada à cólera, ao ódio e à inveja, contra um dos meus irmãos de hábito. Este mal se renovava continuamente, não podendo eu encontrar descanso.
E prossegue:
“Ah! Se tivesse então compreendido a palavra de Paulo: ‘a carne luta contra o espírito e ambos se hostilizam mutuamente” (Erl. Com. In Gall. III);
Tudo isso acentua sempre mais a grande desgraça do escrúpulo ou da obsessão a persegui-lo desde a Infância.
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(*) Além do livro de Grisar e das obras de Lutero, recolhidas por Weimar, estou seguindo particularmente um autor holandês: H. J. Achters: “Luther, leven, persoon, leer”, resumo de tudo o que se tem dito de mais fundado sobre Lutero.
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2. Os escrúpulos de Lutero
Segundo vimos, nosso homem era nada menos que um escrupuloso e um obsesso pela idéia fixa do rigor de Deus.
Desconhecendo a influência deste estado psicológico naum pessoa, os protestantes não o admitem em Lutero, e chegam a atribuir erradamente ao Catolicismo as mazelas todas do "reformador". É que, para eles, CHEFE tem de ser sempre o HEROI, cuja sede da verdade e cujos anseios de paz com Deus não encontraram na Igreja Católica possibilidade de serem satisfeitos.
Aí estão, para atestar o estado anormal do espírito de Lutero, hsitoriadores de renome, homens de primeiro valor, como Grisar, Denifle, Paquier, Duinster, etc. Otto Scheel, escritor protestante, atesta ter sido Lutero frequentemente repreendido durante o seu noviciado, porque, perturbando-continuadamente, enxergava todas as coisas através do prisma dos seus escrúpulos, segundo os quais tudo era pecado.
Qual a causa de tão aflitivo estado dalma?
Simplesmente a falsa concepção de Lutero sobre a graça divina. Por certo ele aspirava gosar aquela paz e alegria infundida pela graça no espírito; não lhse era suficiente a certeza moral de estar bem com Deus; desejava obter uma prova sensível, esta consolação que, às vezes, Deus concede a algumas almas lgenerosas e frequentamente recusa a outras.
Superiores e mestres espirituais apontaram-lhe o erro. Tempo perdido. Lutero seguiu a sua própria idéia, a ninguém querendo submeter-se.
Foram impotentes para remedial o mal as violentas práticas de mortificação a que de contínuo recorria. O defeito era de outras naturza, pois não passava de uma espécie de "ultimatum"! lançado à face de Nosso Senhor.
Já Sango Agostinho se expressava admiravelmente a respeito: VIS FUGERE A DEO, FUGE IN DEUM - quem quiser fugir de Deus, nele se refugie. O pobre Lutero muito ao invés, parecia nunca haver sentido a doce e consoladora intimidade com Deus, lançando-se cegamente nas garras do demônio, quando era o seu lugar o regaço carinhoso do Pai.
Em vista de tão lastimável estado, foi ele aos poucos abandonando as orações prescritas aos sacerdotes, e se absorvia, de corpo e alma, na atividade exterior, envolvente, materializante, e tanto que, em 1516, escrevia assim a Lange:
"Raramente me sobra tempo para rezar o breviário e celebrar a missa; acrescentem-se a isto as tentações que padeço". (Wette I, 41).
Eis aí iminente a desgraça de Lutero. Era um vbencido, a entregar as armas, capitulando velrgonhosamente.
O pobre monge começou, desde aquela hora, a indagar de si para si: por que não encontro eu a paz e a satisfação no convento? Por que me sinto hoje mais desanimado do que nos primeiros dias de noviciado? Após tantos esforços nada consegui. E se não me salvar no papismo, haverá possibilidade de algum outro o conseguir?... (Wachters; Luther, 46).
Perante seu espírito turbulento e povoado de revolta surgiu então o fantasma do erro. Veio em seguida a indagação: Não haverá na natureza humana um foco de inclinações perverssas, mais pujante do que a nossa vontade, o qual nos consome, sendo-nos impossível apagar-lhe as chamas?
E, dando ouvidos ao seu caráter voluntarioso e às idéias pessoais, concluiu afinal: "A natureza humana está corrompida pelo pecado original, até às últimas fibras, e o desejo do mal é invencível". (Jaques Maurtain: Trois Refomateurs 1925).
Era a irremediável, a heresia formal. Destarte se estabeleceu a fonte de todos os seus erros e culpas. O desastre teve como ponto de partido o escrúpulo, a obsessão, o medo de Deus, a rebelião contra tudo e contra todos. E tal espírito doentio jogou-o no abismo. Sabe-se aliás, que um escrupulosos, de um dia para outro, pode cair no excesso oposto ao de seu escrúpulo. Para muitos tal disposição conduz a um laxismo corrptor. Para Lutero, porém, levou-o à fundação de uma nova seita religiosa.
3. Conclusão
Lutero se pervertera, pois, de corpo e alma. Desde então era um decaído, entregue ao vício, perdido em deboches. E, com pouco tempo mais, um revoltoso em franca rebelião contra a sociedade, contra a Igreja e contra Deus.
Narrando este seu estado de ânimo, disse certa vez: "Todos aqueles aos quais eu comunicara o meu estado, me diziam logo: Não compreendo a sua dificuldade. E refletia: será que sou o único a debater-me em situação tão triste, somente eu é que sou tão tentado?... De fato, em toda parte eu via visões horríveis e aparências de fantasmas". (Hausrath: Luther leben, p. 30).
Mesmo a confissão, que a todos os cristãos traz alíveio e paz, veio a ser, para ele, uma fonte de tormentos. Desanimado, procurava recurso de slavação, sem lograr encontrá-lo. Lutero olvidara o doce Cristo que dissera: "Vinde a mim todos vós que sofreis a vos achais carregados, e eu vos aliviarei" (Mat XI, 28).;
O Jesus do tabernáculo, prisioneiro do amor, não era para ele mais do que um juiz encolerizado, sentando-se ameaçador sobre um arco-iris" (Wachters, p.44).
Confesso-te, dizia a um amigo, ainda no mesmo ano de 1516, que a minha vida mais e mais dse aproxima do infoerno; torno-me sempre pior e mais execrável".(Enders I, 16).
Pouco tempo antes, (1515), comunicando seu estado dalma ao superior, Pe. Staupitz, revelou-lhe dolorosamente: "Sou um homem exposto e implicado na má sociedade, na crápula, nos movimentos carnais, em negligências e noutros incômodos a que se vêm juntar os do meu próprio ofício" (Wette I, 232).
Tais palavras deixam entrever com clareza o que era no íntimo a alma de Lutero. Escessivamente orgulhoso a ninguém queria sujeitar-se. Em certos momentos, porém, por mais humilhante que tal se lhe afigurasse, escapava-lhe a confissão da verdade, quais as abafadas labaredas de um incêndio interior, forcejando evadir-se.
Depois, qualquer ocasião favorável mudalr-lhe-ia a obsessão em revolgta externa a entregá-lo, acorrentado, ao domínio das paixões mais abjetas que não conseguira vencer, por desperezar os meios adequados, não renunciar às idéias fixas e esquivar-se à obediência. Convertgerla-se POR MEDO. E ainda o medo fá-lo-á depois cair no lamaçal do vício.
O amor para com Deus e as almas não lograra apossar-se de seu coração. E foi preenchido este vácuo pela rebelião, pelo rancor odiento e pelas baixezas carnais.
Não o impressionou em absoluto a bondade divina. Isolado, porém, na sua miséria, envolto na soberb a, quis ditar leis ao próprio Deus e a ele se impor. Então Deus se afastgou do miserável que o repelira, deixando-o entregue aos instintos das próprio perversidade.
Deus dá a sua graça aos humildes, mas resiste aos sobverbos (Pr 3,34).
Índice do Livro
Capítulo IV
DLP-IV - INDULGÊNCIAS, DECLARAÇÃO DE GUERRA, REAÇÃO DA IGREJA, DEBATE EM LEIPZIG E FÚRIA DE LUTERO
Índice do Livro
A ENTRADA EM CENA
Dada a índole turbulenta de Lutero, compreende-se logo que as suas novas doutrinas enunciando: - SÓ A BÍBLIA É NECESSÁRIA, - e É A FÉ QUE SALVA – não ficariam encerradas no limitado espaço de sua cela monacal. O frade revoltoso não era homem de meias medidas; depois de cair, necessariamente arrastaria outro consigo, pois as idéias concebidas na leitura falsificada da Epístola ao Romanos tornaram nele logo uma verdadeira OBSESSÃO, passando a informar toda a sua vida e as suas atividades.
Faltava apenas uma ocasião azada para serem manifestadas em público. E esta circunstância não tardou. Foi a pregação das indulgências na Alemanha.
Conforme confessou o próprio reformador, pouco significaram para ele tais benefícios espirituais, chegando mesmo a dizer ignorar o que fosse uma indulgência (W. W. I. 65).
Analisemos, aqui, o desenrolar dos fatos intitulados por nós: A ENTRADA DE LUTERO EM CENA.
1. A QUESTÃO DAS INDULGÊNCIAS
Havia tempo que a Santa Sé projetava construir em Roma uma grande basílica em honra de São Pedro, em substituição à velha igreja do mesmo nome.
A idéia do Papa Júlio II, em 1506, era fazer que a catolicidade contribuísse para levantar-se o monumento que devia ser como que a manifestação pública da unidade católica; o projeto ultrapassava so mais suntuosos edifícios do mundo. Para que os católicos de todo o mundo se interessassem pela obra comum, o Papa concedeu uma indulgência particular a todos os cooperadores desta empresa por meio de esmolas.
Já havia tal indulgência sido pregado em quase todos os países, com exceção da Alemanha, devido às grandes somas que, de direito, tenha o império germânico de dar à Roma, o que anteriormente suscitara certo descontentamento.
Julgou o Papa Leão X que tal animosidade desaparecera, podendo, também a Alemanha contribuir, opor seu turno, para ajudar à Basílica de Roma, e, por isso, mandou publicar a Bula das indulgências em março de 1515. Eram condições para se lucrar a indulgência: confissão, comunhão, um dia de jejum, a visita a sete igrejas ou altares e um esmola para a Basílica em construção.
Foi nomeado o arcebispo de Mainz comissário desta indulgência, devendo ela entrar em vigor na Quaresma de 1517. O arcebispo nomeou como vice-comissário do arcebispado de Magdeburgo o dominicano João Tetzel, que já havia exercido a mesma função em Mainz, no ano anterior.
Como desempenhou o padre Tetzel este ofício?...
O dominicano era um orador popular, talentoso, mas, segundo consta das informações de Grisar, cometeu exageros ao explicar o modo de aplicação das indulgências aos vivos. Há quem afirme que os desvios nas expressões do pregador em nada afetaram a sua doutrina, sempre exata.
No ensino eclesiástico, a INDULGÊNCIA É A REMISSÃO DA PENA TEMPORAL DEVIDA AOS PECADOS JÁ PERDOADOS, benefício espiritual que a Igreja concede sob certas cláusulas a quem está em estado de graça, aplicando-lhe os méritos infinitos de Jesus Cristo, e os superabundantes de Maria Santíssima e dos Santos, os quais constituem o tesouro da Igreja.
A indulgência plenária perdoa toda a pena temporal, enquanto a parcial apaga apenas um parte dela. Para se lucrarem as indulgências, importa estar em estado de graça e cumprir o que elas prescrevem.
Em virtude da Comunhão dos Santos, as indulgências podem geralmente ser aplicadas às almas do purgatório, sem que, entretanto saibamos com certeza os frutos praticamente a elas comunicados. Tal aplicação, de fato não depende só da Igreja, senão da vontade de Deus. Depois da revolta de Lutero, e para motivá-la, inventaram os protestantes mil e tantas calúnias contra Tetzel e o objeto de suas pregações, mas os ataques foram sem fundamento e sem provas.
2. A DECLARAÇÃO DE GUERRA
Tetzel não falou em Wittemberg, mas na Saxônia, em Juterbog; desta sorte, Lutero não ouviu pessoalmente a tal pregação, conhecendo-a através das informações de seus alunos e amigos.
Lutero se inflamou, achando favorável a ocasião para agir.
E logo começou, decidido a todos os excessos, com todo o ardor de seu temperamento impetuoso, ávido de proezas e novidades.
Na véspera da festa de Todos os Santos, orago da Igreja dos Agostinianos, uma multidão se acotovelava na praça para ganhar a indulgência da Porciúncula, quando Lutero apareceu com 95 teses contrárias às indulgências, as quais afixou à porta do templo. Era a declaração de guerra religiosa.
O novo herege levantou-se contra o ensino da Teologia, declarando não terem as indulgências valor algum perante Deus, não passando de apenas canônicas impostas pela Igreja. Além disso, negou a doutrina referente ao tesouro da Igreja (*).
Uma Rede de Pescador
No mesmo dia o revoltoso remeteu as teses ao arcebispo de Mainz, aconselhando-o a substituir a pregação das indulgências por outras, para evitar se escrevesse contra esta doutrina.
furiosamente
atacado Por Lutero
Tetzel, prevendo a significação e a rápida propaganda das teses de Lutero, pôs-se logo em campanha contra o adversário. Para este fim, publicou uma lista de 106 proposições por ele defendidas, em 20 de janeiro de 1518, publicamente, diante da Universidade de Francfort. Lutero estava com as armas e, em vez de refletir e comparar as doutrinas expostas por ele com as do seu adversário, começou a atacar com furor mal contido a doutrina escolástica sobre a confissão, a contrição e a satisfação.
“Pouco me importa alguns me considerarem herege; são cérebros escuros que mal cheiraram a Bíblia”.
Permaneceu Tetzel firme e com perspicácia e preparo teológico que o exornavam, compreendeu logo profundamente a perversidade das teorias luteranas.
Enquanto muitos teólogo viram nestas discussões uma simples questão de palavras, Tetzel sentia estar em jogo uma verdadeira heresia, cujas conseqüências abalariam a fé em muitos católicos.
De fato, a questão das indulgências foi desaparecendo rapidamente e, já em maio de 1518, toda a discussão se deslocara para a autoridade da Igreja. A novidade se espalhou célebre no meio do povo, que apreciava sobretudo a crítica de certos deslizes reais ou fictícios entre o clero e a instigação contra o pagamento de qualquer tributo ou sustento porventura exigido pela Igreja.. O povo não atinou logo não se trata aqui simplesmente de criticar abusos, mas ser desejo dos rebeldes um rompimento completo com a doutrina e a autoridade da Igreja.
(*) AFINAL, LUTERO NEGAVA OU NÃO NEGAVA AS INDUGÊNCIAS? - Vejam o que ele escreveu na Tese 91: -
3. PRIMEIRA REAÇÃO DA IGREJA
As idéias revolucionárias do heresiarca ecoaram na Alemanha inteira e abalaram a crença de muitos, tanto mais que o terreno se achava admiravelmente preparado para receber qualquer semente de protesto e insurreição.
Efetivamente, o século XVI era de uma quase universal decadência, e a Religião divina não escapava em sua parte material, ao influxo de ambiente tão corruptor dos costumes.
Havia abusos nos governos, e até no governo subalterno da Igreja, devido à ambição das honrarias, da fortuna e das posições. A doutrina católica não vacilou jamais, por ter as promessas divinas; o seus dirigente, porém seus membros são homens e, como tais, susceptíveis de se deixarem impregnar pelas idéias dos lugares, onde nascem e onde são educados.
Infelizmente, muito não sabem distinguir entre DOUTRINA e PESSOA, confundindo esta com aquela e atribuindo à primeira, - o que aconteceu com Lutero, - o que é exclusivamente da segunda.
É o que aconteceu com Lutero e seus asseclas, admitindo-se estivessem em boa fé nesta guerra contra a Igreja.
Havia defeitos na vida dos católicos; não os havia, porém, no ensino eclesiástico.
Pretendiam os descontentes atacar os abusos; podiam fazê-lo. Mas, ao invés, atacaram a doutrina, deixando subsistirem os abusos que cresciam cada vez mais, demolindo-se o verdadeiro ensino em proveito das pessoas ou dos seus erros.
Foi esta a grande aberração, ou a triste confusão de Lutero. O arcebispo de Mainz, D. Aberto de Brandeburg, vendo o erro tomar vulto, denunciou-o a Roma em janeiro de 1518,
Em 3 de fevereiro daquele ano, o Papa Leão X escreveu ao substituto do Superior geral dos Agostinianos, encarregando-o de persuadir Lutero, seu súdito, a desistir de suas opiniões perigosas ou erradas, para evitar que desta faísca do erro resultasse um incêndio, impossível talvez de se apagar mais tarde.
Infelizmente, já não era uma simples fagulha, mas uma fogueira que lavrava. Parece ter Lutero encontrado em sua ordem vários cúmplices, partilhando das suas idéias e erros.
A única medida, que se conhece tomada pelos seus superiores, foi a de impedir a reeleição de Lutero como vigário de distrito.
Não continuou em seu cargo o monge deposto, prosseguindo, porém, em sua revolta, atacando a doutrina e a autoridade da Igreja Católica.
4. LUTERO E O PAPA
Em face da persistência de Lutero, os Dominicanos o denunciaram outra vez a Roma.
O monge rebelde receava a excomunhão e, prevendo-a, procurou evitar a impressão, que necessariamente ela exerceria sobre o público.
Em maio de 1518 pregou sobre as CONSEQÜÊNCIAS DA EXCOMUNHÃO, procurando mitigá-las o mais possível e dispor o espírito da população em seu favor.
Na mesma ocasião mandou ao Papa Leão X uma defesa de seus ensinos sobre as indulgências, queixando-se das acusações injustas a ele feitas.
Conta, a seu modo e de maneira falsa, a causa desta luta, declarando “Não posso retratar-me”. Apesar desta teimosia, declarou pela mesma carta escutar a voz de Leão, como sendo a voz de Cristo, que fala e dirige por ele:
“Faze-me viver e matar, chama, aprova, rejeita como te agradar” escreve ao Papa; e, ao mesmo tempo, em linguagem desabrida e com revoltante cinismo, escreve a um amigo: “Pouco me importa agrade ou não ao Papa, homem como os outros. Houve até Papas que não só cometeram erros e crimes, mas até monstruosidades. Eu escuto o Papa como Papa, quando ensina as leis da Igreja, de acordo com os Concílios, mas não quando ele fala por própria cabeça” (Obras de Lutero, Weimar).
Julgou a Santa Sé de seu dever adotar novas providências contra ele. Chamou Lutero a Roma, onde devia apresentar-se dentro de 60 dias.
Este estava resolvido a não obedecer e procurou proteção junto do príncipe Frederico e do imperador Maximiliano.
Solicitou a Frederico que o chamasse perante o Conselho do reino, então reunido em Ausburgo, por querer ser julgado por juízes alemães.
Para não irritar os espíritos, o Papa lhe concedeu permissão de comparecer em Augsburgo, ante o legado da Santa Sé, o Cardeal Cajetano, com faculdades para tratar do assunto.
O enviado papal mostrou-se bondoso e paciente, e, tendo-lhe Lutero declarado estar pronto a seguir em suas palavras e obras, a doutrina da Igreja de Roma, indicou-lhe o dignitário os dois erros notórios: a negação dos tesouros da Igreja como depositária das indulgências, e a opinião da exclusividade de salvação pela fé somente.
O cardeal não admitiu discussões, já que os dois pontos se opunham formalmente à doutrina da Igreja. Lutero respondeu ao legado:
“Não posso retratar-me, se não me provarem ter ensinado qualquer coisa contrária às Escrituras, aos Santos Padres, às decisões dos Papas ou do bom senso”.
A entrevista terminou infrutífera; o monge revoltoso protestava obedecer em tudo ao Papa, enquanto ao mesmo tempo não concordava com ele em nada.
Dali se retirou Lutero para a residência onde se hospedava, mas, com espanto geral, fugiu secretamente de Augsburgo, na noite de 20 para 21 de outubro, regressando a Wittemberg, onde achou apoio na pessoa do seu superior Stuapitz. Lutero, depois de ter feito um papel tão triste e covarde, sentia-se satisfeito em ver-se longe de Augsburgo, onde não encontrará o esperando apoio.
Em 28 de novembro, para desculpar-se, apelou da sentença do Papa, para um Concílio geral.
Era apenas um meio de ganhar tempo.
Lutero estava definitivamente perdido e cada vez mais teimoso em suas idéias de revolta.
Uma carta a seu amigo Lenk, de Nuremberg, nos transmite as suas verdadeiras idéias e o seu ódio ao Papa.
“A luta não está nem começada”, escreve ele, “longe de estes senhores poderem esperar o fim. Remeto-lhe a relação dos fatos de Augsburgo, para ver que, como julgo, o verdadeiro Anticristo de que fala Paulo reina na Sé de Roma; penso poder provar que ele é pior que os turcos” (Enders Correp. I. 316-II/12/1518).
Quem fala deste modo está decidido a continuar no erro e segui-lo até o fim.
Lutero prosseguirá com seus discursos inflamados de insubmissão e um dia exclamara cheio de amor próprio:
“Roma pode experimentar condenar-me, mas Cristo, por sua vez, jamais se afastará de mim” (Cartas I. 30,.320 a Staupitz 13 dez.1518).
5. A DISCUSSÃO DE LEIPZIG
Exteriormente a luta acalmara um pouco.
Roma protelava, aguardando a conversão do filho pródigo.
Tendo falecido o imperador Miximiliano, em 12 de janeiro de 1519, foi só depois da eleição do seu sucessor Carlos V (out. de 1519) que o processo contra Lutero foi retomado. Nesse ínterim um novo acontecimento patenteara a má vontade de Lutero: a discussão de Leipzig.
Os erros de Lutero foram-se espalhando com a repulsa de uns e a aprovação de outros. Em breve as próprias universidades da Alemanha veriam as suas opiniões divididas, efeito das dúvidas e discussões suscitadas.
O enfraquecimento da fé e o relaxamento da moral eram um terreno propício para as novidades e revoltas.
As universidades de Wittemberg, Ingolstad e Leipzig combinaram entre si um debate público para resolver a pendência. O lugar escolhido foi o castelo do conde Jorge de Sax, em Leipzig. Ali deviam reunir-se os representantes de cada partido.
O salão de honra do castelo foi dividido em duas partes destinadas às duas facções, com dois púlpitos no centro, um em frente ao outro.
A discussão teve início a 27 de junho de 1519 entre Carlostad e Eck. O enviado de Lutero foi vergonhosamente vencido, não podendo provar as suas teses, nem refutar as do seu antagonista.
Referindo-se, mais tarde, a esse fracasso, falou Lutero:
“Em Leipzig Carlostad recolheu vergonha em vez de honra, mostrando-se um miserável polemista, com espírito tapado e tolo” (H. Boeckmer: Der Junge Luther 1929, pág. 255).
A impressão foi péssima para a pretensa reforma. Os partidários chamaram Lutero para vingar a desfeita e soerguer a honra comprometida da nova doutrina.
derrotado pelo católico Dr. Eck
Eck. Tudo convergiu logo para a palpitante questão: a autoridade da Igreja em matéria doutrina.
Lutero havia opugnado as indulgências, proclamando o valor supremo da Bíblia e a inutilidade das boas obras, mas não tinha ainda opinião formada sobre a jurisdição da Igreja em questões de doutrina.
Caiu em contradição, titubeou, aderindo, publicamente às condenadas doutrinas de Huss, rejeitando a autoridade da Igreja. O Dr. Eck refutou vitoriosamente as asserções heréticas, e Lutero não fez papel mais brilhante do que o seu representante vencido, Carlostad.
Os ânimos dos sectários se exaltaram e vários começaram a grita contra as asserções católicas de Eck.
A 14 de julho encerrou-se a discussão, levando os louros do triunfo o Dr. Eck, como o próprio Lutero depois declarou em uma carta a Melanchton:
“Eck tem as vantagens: ele triunfa e reina. Estes leipziganos não nos saudaram, nem visitaram, mas nos trataram como inimigos, enquanto acompanharam Eck em toda parte... para nossa vergonha... aí está todo o drama: começou mal e acabou pior... discutimos mal” (Enders: corr. II, 85, 20 de julho de 1519).
O conde Jorge de Saxe, o povo de Leipzig, a universidade e os católicos hesitantes sentiram-se fortalecidos em sua fé, mas Lutero, recolhendo-se sob a capa do seu amor próprio ferido, se tornou cada vez mais intratável e grosseiro.
Ei-lo feito definitivamente herege.
6. FURORES DE LUTERO
Lutero compreendeu que Roma, diante destes acontecimentos, não mais permaneceria por muito tempo calada e resolveu tomar a frente , para romper publicamente com o papado.
Em 1520 publicou um pasquim intitulado: “Do Papado de Roma”.
Era uma resposta violenta e grosseira ao franciscano Agostinho Halfeld, que publicara um escrito em defesa dos direito divinos do papado.
Este escrito, segundo atestou um protestante daquele tempo, zombava da lógica e punha a sua força em grandes palavras. Tratava Halfeld de asno, que não sabe zurrar, e expunha a sua doutrina herética sobrte o reino invisível da Igreja e o sacerdócio universal, que não deixavam mais lugar para o papado.
O monge revoltoso tornou-se um verdadeiro energúmeno, blasfemando, insultando a todos os que não estavam pelas suas idéias.
PRIEIRAS havia refutado alguns erros de Lutero. Este não demora com a resposta:
“Este homem miserável, escreve ele, produziu um escrito que parece feito pelo próprio Satanás, no fundo do inferno.,.. se tal é a doutrina de Roma, eu declaro que verdadeiramente o anticristo está sentado no templo de Deus e reina em Roma, a verdadeira Babilônia, revestido de púrpura, sendo a corte de Roma a sinagoga de Satã”
O furibundo monge continua, parecendo um verdadeiro possesso:
“Contra a cólera da Cúria Romana”, continua ele “parece não haver mais outro meio senão que o imperador, reis e príncipes enfrentem esta peste pela força das armas e a estirpem da terra”.
“Se nós castigamos ladrões com a forca, bandidos com a espada, hereges com o fogo, por que não agredimos com qualquer arma estes doutrinadores da corrupção, estes cardeais, estes papas e toda esta bicharada da Sodoma romana, que leva toda Igreja à putrefação? Por que não lavamos as nossas mãos no sangue dele?” (Corresp. III. 73. jan. 1521)
O dominicano inquisidor Jacques von Hostraten não é melhor acolhido.
Na expressão de Lutero, ele é um assassino, doido e sanguinolento, que não pode ser saciado senão pelo sangue dos cristãos... deve procurar besouros nas estrumeiras, em vez de cristãos, até aprender o que é pecado, erro e heresia... pois, continua o monge furibundo, nunca vi maior burro do que tu... és uma cabeça cega, tapada; tu, cão raivoso... inimigo da verdade, herege, pois trazes em ti mais veneno o que todos os hereges deste últimos 4.000 anos (Obras Lutero, Weimar II. 384).
“Enquanto não me tiverdes refutado, ligo tanto às vossas condenações, quanto me importo com as blasfêmias de uma mulher bêbada!” (Obras Weimar VI. 157).
Em uma carta a seu amigo Spalatino, trata estes doutores de “asnos de Lovaina e de Colônia”.
“Eu sou completamente o homem das disputas, sou segundo as palavras de Jeremias, o homem da discórdia” (Grisar I. 340).
7. CONCLUSÃO
Eis como Lutero entrou em cena.
Vê-se logo não ser um reformador desejoso de extirpar abusos e de reconduzir os homens à prática de virtudes que tinham abandonado.
É um homem, só confiante em seu próprio valor e na sua personalidade, orgulhoso ao ponto de preferir as sua opiniões às do mundo inteiro; é um espírito irrequieto à cata de novidades, ou, como vimos no começo, um homem obsesso por uma idéia fixa, que pretende impor-se a todos.
Numa palavra, é um anormal, doente, uma espécie de nevropata.
Se, neste tempo, houvesse existido o espiritismo, é de presumir se houvesse Lutero lançado, de corpo de alma, nas práticas espíritas, sem pensar na fundação de uma seita herética.
Às pessoas sensatas pergunto se tal pode ser a disposição, o modo de agir, as pretensões de um reformador de religião, de um homem escolhido por Deus, como dizem os protestantes, para reconduzir a Igreja verdadeira à pureza de seus princípio e das suas doutrinas.
É impossível.
O simples bom senso protesta contra a asserção crentista.
O reformador de uma religião divina devia ser pelo menos, um homem de virtude, calmo, prudente; Lutero, no entanto, se apresenta como um vulgar insultador, insolente, grosseiro, indecente e, muitas vezes grotesco.
Através de sua vida, de suas palavras e atos, sente-se unicamente a paixão, o orgulho, a sensualidade, o espírito de revolta.
Lutero, pela doutrina, é o fundador do protestantismo; pelos atos, é o fundador da mentalidade comunista-revolucionária.
Convinha salientar bem esta primeira fase da vida pública de Lutero, pois ela constitui, com os seus prelúdios já expostos, as premissas das inúmeras conclusões que, em breve, seremos impelidos a extrair desta vida agitada e tristemente fecunda.
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Capítulo V