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segunda-feira, 29 de junho de 2009

PAPA - PIO XII - Plano de Sequestro e Morte




PLANO DE HITLER para seqüestrar ou matar o Papa Pio XII, como uma maneira de expressar seu rechaço e "castigar" os italianos pela detenção de Mussolini. O jornal precisa que já tinha informação sobre este assunto de uma fonte direta, quando em 1972 o filho de um dos personagens chave envolvido com este assunto, Niki Freytag von Loringhoven, deu seu testemunho sobre este assunto em Munique.





Revelam detalhes do Plano de
Hitler para matar Pio XII
ACI Digital


ROMA, 17 Jun. 09 / 04:15 am (ACI).- O jornal Avvenire da Conferência Episcopal Italiana publicou esta terça-feira um artigo no que revela alguns detalhes do plano de Hitler para seqüestrar ou matar o Papa Pio XII, como uma maneira de expressar seu rechaço e "castigar" os italianos pela detenção de Mussolini. O jornal precisa que já tinha informação sobre este assunto de uma fonte direta, quando em 1972 o filho de um dos personagens chave envolvido com este assunto, Niki Freytag von Loringhoven, deu seu testemunho sobre este assunto em Munique.

Entretanto, Avvenire precisa agora alguns detalhes do plano nazista. Segundo o relato de Freytag von Loringhoven, os dias 29 e 30 de julho de 1943 se realizou em Veneza um encontro secreto para informar ao chefe da contra-espionagem italiana, o general Cesare Amè, das intenções de Hitler de castigar os italianos pela detenção do Mussolini com o seqüestro ou o assassinato de Pio XII e do rei.

Para tal ocasião chegaram desde Berlim o chefe da contra-espionagem alemã, almirante Wilhelm Canaris, e dois coronéis da seção II (sabotagem), Erwin von Lahousen e Wessel Freytag von Loringhoven (o pai de Niki).

Ao voltar para Roma, o general Amè divulgou a notícia para bloquear os planos de Hitler.

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sábado, 20 de junho de 2009

Em 2020 Metade da População Brasileira Será Evangélica

Autor: Fernando Nascimento

A MENTIRA RECHEADA DE SOFISMA

“Baseado em dados estatísticos do SEPAL, estima-se que 50% da população brasileira “poderá” ser evangélica. Para a revista (Época), a influência evangélica em 2020 "contribuirá para:

1 - a diminuição no consumo do álcool,

2 - o aumento da escolaridade e

3 - a diminuição no número de lares desfeitos, já que a família é prioridade para os evangélicos.”

http://portal.padom.com/2009/06/02/metade-do-brasil-evangelica/

Respondendo, primeiro aos sofismas:

1- Evangélico só não consome álcool na eucaristia, contrariando Jesus no vinho, mas, muitos bebem, usam no motor do carro, na limpeza e medicação.

2- A escolaridade dos evangélicos é sofrível. Vemos pelo falar errado dos pastores.Veja o texto errático do site de um “Bacharel em teologia” evangélico:

"aletar tome cuidado com falcificadorescuidado com falcificações todos os nossos coordenadores e professores da faiterj ( faiteba )é por obrigação ter a credecial de identificação e estorico escolar quem é formadopela faculdade se não se identificar cuidado tem coisa érrada.nossos cursos vem com o carimbo da faculdade e o carimbo de liberação do MECtodas as documentações vem com o carimbo da faculdade e liberação do MECcoidado são muitos os falcificadores mande se identificar é só um alerta para vcnão coma gato por lebre.o unico representante diretor aque em itabuna e região se chama PB, RADAMERIS"

http://www.pbradameris.blogspot.com/

3- Os lares e famílias evangélicas explodem em divórcios. Um jornal perguntou para o divorciado bispo evangélico Fábio Caio:

“Os evangélicos estão se divorciando em grande quantidade. É apenas uma tendência passageira ou uma dura realidade atual?”

Resposta do Fábio Caio:

“A meu ver o que está acontecendo é apenas a explicitação do que antes 'se varria para baixo do tapete...' Eu passei a vida toda vendo casais separados de alma vivendo sob o mesmo teto... inúmeros pastores. Até hoje conheço centenas que me confessam que vivem da ‘aparência’... mas que não há amor e nem ‘casamento’ entre eles e suas esposas... Ora, para fins de 'consumo social'... tais casais não se 'separaram'... embora, de fato, vivam vidas divorciadas... A sociedade já se divorcia faz tempo. A novidade é a oficialização do divorcio no meio evangélico.”

http://www.caiofabio.com/2009/conteudo.asp?codigo=00227

Como se não bastasse, são exatamente os protestantes e evangélicos que estão fundando as igrejas gays, que casam homem com homem, e mulher com mulher, abolindo a família em todo o mundo.
http://www.orkut.com.br/Main#FavoriteVideoView.aspx?uid=4013648790580875712&ad=1216321886

Desfaz-se o engodo subliminar.

MOSTRANDO A VERDADE DOCUMENTAL

Se a previsão dos marqueteiros evangélicos por acaso viesse a se realizar, a desgraça moral estaria instalada no Brasil, pelo que demonstram os dados estatísticos e comprovações jornalísticas abaixo:

Os presídio femininos explodiriam, porque hoje:

EVANGÉLICAS LOTAM PRESÍDIOS, MAIS QUE OUTRAS RELIGIÕES
(E não é porque se “converteram” ao protestantismo depois de presas)

Tabela 3 : Igrejas e cultos das presidiárias e suas famílias:
Igrejas e culto : Igrejas evangélicas, 56,2 % da população carcerária, 49,2% das famílias desta população.

Apenas 16,22% da população brasileira.

Igrejas e culto : Igreja católica, apenas 15,6 % da população carcerária, 33,2% das famílias desta população, 73,89% da população brasileira.

Espiritualistas: 5% da população carcerária1, 4% das famílias desta , 32% da população brasileira.

Não freqüentam ou sem resposta: 23,3% da população carcerária, 16,2% das famílias desta população, 7,35% da população brasileira.

FONTE DA TABELA 3

http://www.ipub.ufrj.br/documentos/jbp(1)2006_artigo5.pdf
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A pornografia, as orgias e adultérios tomariam o Brasil, porque hoje:

64% DOS PASTORES E EVANGÉLICOS SÃO PORNOGRÁFICOS E TEM ATIVIDADE SEXUAL SECRETA! 25% COMETERAM ADULTÉRIO


Patrick Means, em seu livro Men's Secret Wars (As Guerras Secretas dos Homens), numa pesquisa entre os “evangélicos” destaca: 64 por cento dos pastores evangélicos e leigos têm problemas com vício sexual, inclusive pornografia e outras atividades sexuais secretas.

Especificamente, 25 por cento confessaram ter cometido adultério depois de casados e depois de se tornarem “evangélicos”. Acesse:


NÃO DEIXEM DE OBSERVAR QUE as fontes são evangélicas, para não deixar dúvidas.
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O perigo das crianças em templos evangélicos aumentaria, porque hoje:

A revista evangélica “Enfoque Gospel” publicou em sua Edição nº 59, uma rica matéria sobre “pastores pedófilos”, onde eles, além de violentarem as próprias filhas e filhas dos parentes, violentam também as filhas dos seus seguidores. A matéria completa podemos acessar neste link:

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As mulheres IRIAM APANHAR MAIS, porque hoje:

90% DAS MULHERES AGREDIDAS SÓ EM SÃO PAULO, SÃO EVANGÉLICAS AGREDIDAS PELOS MARIDOS EVANGÉLICOS


Das 3 mil mulheres que procuram ONG da Zona Leste, que assiste vítimas de violência, 90% são evangélicas agredidas física ou verbalmente pelos maridos - que, na igreja, são exemplos de bondade. Fonte:

http://www.jt.com.br/editorias/2006/03/08/ger36218.xml
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A corrupção no Brasil dobraria, porque hoje:

58% DA PROPINA DOS “SANGUESSUGAS”, FOI PARA EVANGÉLICOS

Integrantes da bancada evangélica do Congresso receberam 58% do total da propina repassada a parlamentares pela máfia das ambulâncias, aponta o relatório da CPI dos Sanguessugas aprovado na última quinta-feira (10).

Dos 66 congressistas ligados a igrejas evangélicas tradicionais ou neopentecostais, 23 -- mais de um terço da bancada -- estão envolvidos nas irregularidades e tiveram a cassação de seus mandatos sugerida.

Juntos, receberam ao menos R$ 5,3 milhões dos cerca de R$ 9 milhões que a família Vedoin afirma ter pago como "comissão" pelo direcionamento de emendas. Dos 23 congressistas, 10 são ligados à Igreja Universal do Reino de Deus, e nove, à Assembléia de Deus.

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Os “casamentos” de gays e lésbicas explodiriam, envergonhando Deus:

IGREJAS EVANGÉLICAS GAYS

Igreja Protestante Só para Gay :


Celebração de Casamento Gay:


Igreja Anglicana fará casamentos gays no Canadá:


Sacerdotes gays anglicanos se casam em igreja em Londres


Igreja evangélica permite casamento gay (Brasil)

http://patraoblog.wordpress.com/2007/12/26/igreja-evangelica-permite-casamento-gay/


EUA: Igreja Metodista admite pastora lésbica

http://casamentocivil.org/casamentocivil/news.asp?uid=220304A
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Os suicídios aumentariam, porque:

ESTUDOS APONTAM

"Em toda parte, sem exceção, há mais suicídios entre os protestantes do que entre os adeptos dos demais credos" (Durkheim, 1982:115).


Ainda bem que Cristo disse que, as portas do inferno não prevalecem contra sua Igreja, e a comunidade de Orkut “Ex protestantes-Hoje Católicos” é cinco vezes maior do que a equivalente dos evangélicos.

Para a desgraça geral dos evangélicos, mais recentemente, pouco antes da vinda do Papa Bento XVI, em 2007, a Fundação Getúlio Vargas divulgou em pesquisa, que: A Igreja Católica parou de perder fiéis no Brasil. Na década de 1990, o número diminuía cerca de 1% a cada ano. A partir de 2000, não houve mais queda. http://www.correiodobrasil.com.br/noticia.asp?c=118413
Estudo: Fernando Nascimento.
17 jun (3 dias atrás) FERNANDO E provando que “crente” bebe:
Pastor Evangélico é acusado de abusar sexualmente de menina de 13 anosE diz que estava bêbado:

Após prestar depoimento, a menina realizou exame de corpo delito no Instituto Médico Legal. Augusto Cerqueira também passou pelo mesmo procedimento, pois alegou que estava bêbado e que não lembrava de nada. A garota está em poder da mãe em um local não divulgado.


COMENTÁRIOS NO ORKUT DESTE TÓPICO

Júиiσя: - Sei que não se pode comentar aqui... MAS PERFEITO!

FERNANDO - Caro Júnior: Pode sim comentar no Museu, amigo. Só não pode tentar refutar ou denunciar sem provas.

Júиiσя - Só não pode tentar refutar ou denunciar sem provas.

Júиiσя: -REFUTAR? Jamais! Eu me racho rindo vendo tanta bobagem protestante e ver como o protestantismo é tão falso!

Parabéns pelo seu trabalho! Ajudou-me muito até mesmo para me livrar do protestantismo de vez por todas, e, aceitar a Santa Igreja! Deus te abençoe!

Pax et Bonus
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quinta-feira, 11 de junho de 2009

DLP-II




CAPÍTULO II - UM RETRATO AUTÊNTICO - Pg. 25


CAPÍTULO II

UM RETRATO AUTÊNTICO

Dizem os amigos protestantes que Lutero foi o enviado especial de Deus para reformar a Igreja Católica decaída, ou melhor: levantá-la da morte e sepultamento no lamaçal dos maiores vícios e torpezas.

Faz-se mister descomedida audácia para lavrar a certidão de óbito da Igreja fundada por Jesus Cristos, à qual prometeu ele a sua perpétua assistência e a preservação de todo erro.

Ademais, é preciso uma superabundante dose de ignorância da história para desmentir fatos conhecidos e zombar de todos os historiadores antigos.

Como é que, antes de Lutero, autor algum jamais nota tal ausência da Igreja verdadeira, aspirando surgisse qualquer taumaturgo para ressuscitá-la, tirá-la do sepulcro ou que o próprio Cristo viesse reabilitá-la, clamando, bem alto, com o mesmo poder com que levantara Lázaro: Igreja, sai para fora deste túmulo?!

Nada de tudo isso; somente, após transcorridos quinze séculos, os protestantes descobriram este total desaparecimento da Igreja. Segundo eles, Deus suscitou enfim o homem desejado possuindo missão superior ao maior dos profetas e mensageiros divinos, instrumento do Altíssimo, capaz de reconstruir a obra de Jesus Cristo e restituir-lhe a primitiva beleza evangélica. Tal individuo foi Lutero.

Examinemos num instante a história de sua vida, as suas qualidades e obras; estudemo-la sem exageros, com toda imparcialidade, visando apenas os fatos provados historicamente, para vermos se, de fato, o pai do protestantismo ostenta credenciais de sua missão divina,

CAPÍTULO II - 1. PRIMEIROS ANOS DE LUTERO - Pg. 26


pois duma árvore boa, conforme a sentença do Divino Mestre, há de sair um produto bom, e de uma arvora má virão frutos maus.

1. PRIMEIROS ANOS DE LUTERO

Nasceu Lutero em Eilesben, aos 10 de novembro de 1483.

Seus pais eram pobres camponeses, católicos sinceros, segundo Melanchton; a mãe de Lutero era mulher virtuosa e dedicada à piedade. Quanto ao pai, se dermos crédito ao próprio Lutero e contemporâneos, era um homem rude, violento, quase cruel. E é à violência do pai que a princípio o educara sem carinho e desvelo, que o “reformador” atribuía o ódio por ele votado à humanidade inteira.

Aos 6 anos de idade iniciou os estudos em Mansfeld, na escola pública, onde consta ter sido castigado constantemente, o que vem demonstrar seu gênio irrequieto, turbulento, sempre levado aos extremos.

Sobre seu tempo de escola, deixou ele mesmo esta nota ”A nossa escola era um inferno e um purgatório onde nos atormentavam com declinações e verbos.

O professor era um algoz. Numa só manhã chegou e espancar—me quinze vezes”. Aos quatorze anos dirigiu-se nosso herói para Magdeburgo, onde estudou por algum tempo sob a direção de religiosos; depois, vamos encontrá-lo em Eisenach, mendigando pelas ruas, cantando e pedido esmolas para sustentar a vida. Foi nessa ocasião que uma piedosa viúva, comovida pelo estado lastimável do pequeno mendigo e por sua bela voz, acolheu-o, adotando-o como filho (Luther, por H. Wachters).

Devido aos cuidados de sua benfeitora, que lhe pagou os estudos, o menino frequentou a escola latina dos Franciscanos. Em 1501 o estudante saiu de Eisenach, para ir terminar os 

CAPÍTULO II - 2. A VOCAÇÃO DE LUTERO - Pg. 27


estudos em Erfurt, onde, durante três anos e meio, cursou a universidade, aí colando grau de bacharel e mestre em ciências; no primeiro título conseguiu o 13º. Lugar entre 57 alunos, e no segundo, o 3º. Lugar, o que indica que, como mestre, se revelou ele de uma inteligência bastante viva, embora não genial.

Findos os estudos, pretendia Lutero começar os cursos de Direito Canônico e civil, o que fez apenas durante um mês. De repente, sem mais nem menos, abandonou a universidade, voltando para Mansfeld, lugar onde começara a sua instrução primária. Logo depois seguiu para o convento. Aqui nos deparamos com o mistério da vocação de Lutero.

2. A VOCAÇÃO DE LUTERO

Até essa data nada apresentava o menino como sinal provável de chamado divino para a vida sacerdotal ou religiosa.

De estudante católico que era, sem traço algum capaz de distingui-lo, com temperamento colérico e irrequieto, repentinamente se resolveu a deixar o mundo e retirou-se ao Claustro.

A respeito de tão súbita resolução, correram diversas lendas que as modernas pesquisas históricas põem em dúvida ou desmente. Numa carta ao pai disse Lutero, certa vez, que o medo das “ameaças de morte” lhe arrancara uma “promessa involuntária”.

Houve quem procurasse saber a que ameaças ele se referia.

Cogitam alguns de assassinato; outros pensam em duelo; certos, de um raio que caíra ao seu lado, impressionando-o consideravelmente.

Tudo isso poder ser verídico, mas não convence.

Em certa ocasião, em palestras com amigos, o “reformador” se referiu a um desastre que 

CAPÍTULO II - 2. A VOCAÇÃO DE LUTERO - Pg. 28



ERFURT - Lutero pensou que ia morrer

com ele deraquando acompanhado de um amigo, nas cercanias de Erfurt. Fazendo exercícios com armas, ele feriu, sem o querer, a própria perna; tão abundante foi a perda de sangue que pensou chegado a hora da morte. Temendo o perigo, invocara a proteção da Santíssima Virgem, prece que repetiu depois. 

Noutra feita Lutero disse que, ao regressar de uma viagem a Mansfeld, surpreendeu-o violenta tempestade; uma faísca elétrica lhe caiu aos pés, enchendo-o de pavor; nesta ocasião teria exclamado: "Valei-me Sant’Ana; quero ser monge". Teriam sido tais acontecimentos a causa da vocação de Lutero? 

Se ele nunca tivesse pensado antes em seguir a vida monacal, por certo teria feito qualquer outra promessa; mas o fato de voltar o seu pensamento para a vida religiosa parece demonstrar que desde algum tempo nutria tal ideia não correspondendo ao chamado do Alto por deficiência de coragem. Vendo-se em perigo de vida, julgou ser isto um castigo de Deus e prometeu realizar o que já considerava como vocação. Parece ser esta a opinião mais admissível.

Certamente Lutero fez logo o que prometera. Pela última vez reunião os amigos em festa íntima e, no fim, convidou-os a acompanhá-lo. Relutaram. Afinal o seguiram, conforme lhes pedira. Deste modo, a 16 de julho de 1505 Lutero ingressava no Convento dos Agostinianos em Erfurt.

“Entrei para o Claustro, explica ele, porque estava desesperado de minha salvação”.

Ali a vida de nosso pretendente foi dividida entre a oração, o estudo da Sagrada Escritura e dos escritos dos santos padres.




Herege: "Seja feita a nossa vontade..."

As constituições dos Agostinianos prescrevem aos aspirantes: ler atentamente, escutar com devoção e decorar as passagens principais da Escritura Sagrada; e, para este fim, no dia da profissão, cada monge recebe um exemplar completo da Bíblia.  

CAPÍTULO II - 2. A VOCAÇÃO DE LUTERO - Pg. 29





É a refutação radical aos historiadores protestantes que divulgam ter sido a Bíblia escondida cuidadosamente e até ligada por meio de correntes de ferro, para Lutero não a poder ler. 



Felizmente os próprios protestantes já refutaram tal absurdo. Ouçamos Otto Scheel: “Não passara um dia sem que a leitura da Bíblia não houvesse enriquecido a alma de Lutero: nela encontrara consolação, luz e felicidade” (Scheel-II:2). Sua vida como religioso nada oferece digno de nota; pequenos fatos, no entanto, manifestam, vez por outra, o seu caráter inquieto, propenso sempre a excessos, parecendo considerar a Deus não como pai cheio de bondade, mas como juiz rigoroso. 



A crônica dos monges do convento do Lutero refere que um dia, ao recitarem o ofício, ao ser lida no Evangelho a história do surdo-mudo possesso pelo demônio, de repente o nosso herói caiu no chão, e, em contorções horríveis, exclamou: Não sou eu! Não sou (o possesso) (Grisar 44). 


Falando de sua vida monacal, disse ele certa vez: “Atormentei-me, rezei, jejuei, vigiei e tanto frio sofri que seria bastante para matar-me” (Grisar, p.57). Estes fatos todos revelam uma moléstia nervosa, histérica, ou grande desequilíbrio de consciência; no entanto, em tudo isso não viram os superiores impedimento sério para a vocação do jovem monge, e em 3 de abril de 1507 Lutero foi ordenado sacerdote na catedral de Erfurt, celebrando sua primeira missa aos 2 de maio do mesmo ano. Nesta ocasião, quando recitava a oração: Te igitur, no começo do Cânon, o neo-padre foi tomado de um tal medo de Deus, que teria fugido do altar, se o sacerdote assistente não o houvesse acalmado. 

Em 1515, quando ao lado de seu superior assistia à procissão do Santíssimo Sacramento,

CAPÍTULO II - 3 - ESTUDOS INCOMPLETOS DE LUTERO  - Pg. 30


tamanho pavor da proximidade de Deus o invadiu, que ele se pôs a tremer da cabeça aos pés (Tischreden W.;I. n. 137). 

Lutero era sacerdote para a eternidade... e nada neste mundo ou no outro, seria capaz de apagar o caráter sacerdotal que em suas mãos devia ser um meio de salvação para muitos e não, como se tornaria em breve, um instrumento de perdição. 

3. ESTUDOS INCOMPLETOS DE LUTERO 

Temos agora diante de nós o monge recém ordenado, no limiar de sua vida nova. Logo uma primeira observação se apresenta: em 1505 entrara Lutero para o convento; em 1507, dois anos após, foi ordenado sacerdote. Tão curto intervalo foi apenas o tempo necessário para fazer o seu noviciado ou aprendizagem, donde se depreende ter ele feito curso irregular de Teologia, que só veio a estudar depois da ordenação. 

Que dizer deste novo período de sua vida? 

O próprio Lutero explica: "... eu sou da escola de Occam, autor e propagandista-mor do nominalismo", sistema que negava o valor objetivo das idéias, de maneira que o homem não pode ter nenhuma certeza da metafísica, caindo, necessariamente, no ceticismo. 

Verdades, por exemplo, como a imortalidade da alma, a existência, a unidade, bondade e misericórdia de Deus, não caem sob a competência da razão, só podendo os homens conhecê-las através da revelação. 

Destarte o papel da inteligência se torna muito restrito, e mais limitado ainda o da fé e o da revelação. 

A simplificação visada por Occam objetivava a supressão do ensino escolástico, cuja doutrina admite tornarem-se as verdades de fé mais acreditáveis pelo auxílio da razão. 

Tão perversora a doutrina havia penetrado em muitas escolas, e até consta que os monges Agostinianos de Erfurt a professavam. 

CAPÍTULO II - 3 - ESTUDOS INCOMPLETOS DE LUTERO  - Pg. 31


Embora o nominalismo não atacasse diretamente as doutrinas da Igreja, não deixava, contanto, de colocar os estudantes num perigoso declive que facilmente poderia conduzi-los ao erro. 

Aqui temos, pois, o início e, quiçá a base dos erros do patriarca protestante; duplo é este fundamento: a deficiência de estudos teológicos e as doutrinas falsas de Occam, que envenenaram os primeiros passos teológicos do pretenso reformador. 


Pouco depois da sua ordenação, foi Lutero transferido para Wittemberg; ali encontrou o vigário geral da ordem, Pe. Staupitz, que desempenhava, além do cargo d3e superior, o de professor de exegese na universidade local.

Devendo, Staupitz, visitar, de vez em quando, as residências da província, mal podia dar cumprimento ao seu ofício, pelo que cogitava desistir e passar a cátedra de mestre a um sucessor da mesma ordem. Para substituí-lo, pensou em Lutero e aconselhou-o a se preparar, para tirar o bacharelato em Sagrada Escritura, afim de se habilitar a exercer o cargo de professor desta disciplina.

Efetivamente Lutero seguiu-lhe o conselho. E em 9 de março de 1509 colou grau de mestre na referida matéria.

Estudos assim precipitados e acumulados permitiram-lhe conquistar o ambicionado posto, mas não lhe deram o tempo de assimilar as doutrinas vistas, motivando isso, no espírito dele, uma verdadeira balbúrdia de idéias, sem fundamentos, sem provas e sem nexos.

Grisar observa que, mesmo em Elbstad, foram falhos os estudos do “reformador” \(Grisar, 43). De Wittemberg transferiram-no para Erfurt, novamente, para que desempenhasse ali o professorado como leitor de teologia, que estudara com pressa, incompleta e erradamente.


CAPÍTULO II - 4 - VIAGEM A ROMA  - Pg. 32



4. VIAGEM A ROMA 

Em Erfurt o novo leitor de teologia foi encontrar dupla guerra: - na cidade onde encontrara uma insurreição popular, e no convento dos frades Agostinianos no qual a discórdia era de espécie diferente.

A Congregação abrangia nesse tempo duas províncias: a parte alemã, mais rigorosa na observância das regras, e a saxônica, um pouco mais mitigado no rigor primitivo.

Sendo sido o Pe. Staupitz nomeado Vigário Geral provincial, para a Alemanha, procurou reunir as duas províncias sob sua alçada, nelas introduzindo a observância rigorosa.

A Santa Sé favoreceu esta medida de união, permitindo também que as duas partes se reunissem e escolhessem um só Vigário Geral.

A escolha recaiu em Staupitz. Isto agradou a quase todas as casas.

Setes entre as da província alem]ã resolveram protestante e entre elas estava o convento de Erfurt. Foi enviada uma deputação a Roma para defender os interesses dos insubmissos, perante a Cúria Romana; Lutero integrava esta comissão.

Que impressão trouxe ele da Cidade Eterna?

Uma visão toda materialista, como se descobre pelo seu modo de descrever o que vira ali.

Não tinha o “reformador” alma de artista, para admirar grandezas, panoramas, antiguidades; nem possuía um espírito perspicaz capaz de penetrar e ler a história nos monumentos. Pouco empenho lhe ofereceu a estadia na grande metrópole do Cristianismo. Desejava ver o Papa e não o conseguiu, pois o Santa Padre estava então em viagem pelo norte da Itália. E a reclamação contra a união das duas províncias agostinianas não foi aceita por Roma, o que contrariou bastante o frade descontente.


CAPÍTULO II - 5 - OS DOIS GRANDES ERROS DE LUTERO  - Pg. 33


Somente dez anos após este fato é que entrará ele a bradar contra os pretensos abusos das Igreja Romana.

Parece que Lutero não retornou mais a Erfurt, mas foi logo se fixar em Wittemberg, onde continuou a estudar teologia. Em outrubro de 1512 aí recebeu o barrete e anel doutoral na matéria; no mesmo mês começou a lecionar Sagrada Escritura, substituindo Staupitz. Neste ponto é que Lutero começou a manifestar os e=seus erros de princípios, e a sua ignorância em assunto teológicos.

Em 1515 iniciou ele a explicar a Epístola de São Paulo aos Romanos, e foi da má compreensão e interpretação desta carta paulina que o professor extraiu os erros sobre a graça e a salvação.

5. OS DOIS GRANDES ERROS DE LUTERO 

Dois foram os erros fundamentais do novo catedrático – primeiro: SÓ A BÍBLIA É A REGRA SUPREMA DE FÉ; segundo: O HOMEM É JUSTIFICADO SÓ PELO FÉ, E AS BOAS OBRAS DE NADA VALEM PARA A JUSTIFICAÇÃO.

Desde esse tempo apareceram como pontos básicos de todas as suas doutrinas esses dois erros.

A primeira destas regras de crença substitui a autoridade da Igreja, supremo juiz em questões de fé, pelo livre arbítrio, infligindo, assim um golpe infernal na unidade visível da cristandade.

A outra perverte toda a doutrina das relações entre a criatura e o Criador.

Combinados, estes dois princípios subversivos produzem a mais tremenda desordem moral nas almas e na sociedade.

Teria Lutero aprofundado a extensão destes seus postulados de crença? Impõe-se-nos imperiosa a questão e a resposta é de longo alcance.

Julgamos que não.


CAPÍTULO II - 5 - OS DOIS GRANDE ERROS DE LUTERO  - Pg. 34


Não há dúvida de que Lutero tinha inteligência; era, porém péssimo psicólogo; segundo vimos atrás haviam sido feitos com precipitação os seus estudos teológicos, mal assimilados e muito superficiais; era mais filósofo do que teólogo, revelando-se sutil no raciocínio, mas fraco em doutrina revelada. Esta asserção encontra prova a cada passo em seus escritos.

Demais, ele era de caráter altivo, orgulhosos, com uma inclinação natural demais acentuada, para a revolta. Um homem desse quilate é geralmente teimoso.

Durante quinze séculos a Igreja interpretara e expusera a Bíblia à luz de sua tradição, de sua própria história e, infalível no seu ensino e nas suas decisões a respeito, fora a regra viva de fé no passado.

O monge rebelde não atinou com o valor e a segurança desta autoridade suprema, e o seu orgulho supremo levou-o a crer que o homem é a sua própria regra de fé. Para ele não havia outra fonte de verdade revelada senão um livro mudo (embora inspirado) de que cada indivíduo é constituído juiz. Este livro, portanto, tem de ser o guia e a norma de fé para todos indistintamente, tornando-se todos infalíveis, excluídos, naturalmente, os sacerdotes, os bispos e o Papa.

Lutero não tolerava a existência de uma homem infalível na Igreja; mas, por cúmulo de contradição, admitia serem os indivíduos todos infalíveis, exceto o Pontífice de Roma, que na verdade é o único infalível por divina instituição.

Em teoria tal era a doutrina de Lutero, embora na prática não aceitasse que ninguém contradissesse às suas opiniões.

O princípio: - “A JUSTIFICAÇÃO SÓ PELA FÉ” – era igualmente deletério e perverso, pois deveria produzir os mais desastrosos resultados numa sociedade decaída.

Conforme o ensino católico, a fé que justifica é uma fé viva, isto é, fundada na revelação e informada pela caridade.


CAPÍTULO II - 6 - CONCLUSÃO  - Pg. 35


Lutero não que saber de caridade; para ele basta possuir confiança em Deus e ele, por amor a Cristo, não mais nos imputará os nossos delitos, mas nos tratará como inocentes e santos. Para salvaguardar uma idéia tal, não trepidou Lutero em falsificar o texto de São Paulo (Romanos 3,28). O apóstolo escrevera: “julgamos que o homem é justificado pela fé, sem as obras da lei (mosaica)”. O “reformador” transcreve o texto assim: “O HOMEM É JUSTIFICADO SÓ PELA FÉ”.

Vê-se logo a perversidade do falso intérprete. São Paulo pretende mostrar que lque, para alguém se salvar, não basta executar apenas as obras prescritas pela lei de Moisés, mas que, além disso, é mister possuir fé em Deus; Lutero, porém, depois de liquidar as obras da lei mosaica, suprimiu, ainda as da nova lei, contentando-se unicamente com a fé.

E, como na Epístola de São Tiago se lêem estas palavras textuais: “O HOMEM É JUSTIFICADO PELAS OBRAS E PELA FÉ, E NÃO PELA FÉ SOMENTE” (Tiago 2,14-28), o inovador taxou esta epístola de “EPÍSTOLA DE PALHA”.

Tal é a “grande” descoberto de Lutero, que constituía para ele a suprema novidade, mas que, para o mundo, não era mais que a grande heresia.

Neste seu peculiar modo de entender a Bíblia apalpa-se a sua falta de conhecimento seguro.

Está aí o princípio da decadência do “reformador”, cujos fundamentos remotos o vimos beber na errônea filosofia nominalista que seguira desde os bancos de escola superior.

6. CONCLUSÃO 

Aí fica a primeira fase da vida de Lutero. Visto através dum olhar superficial, nada ainda se apresenta de muito importante; no entanto, no âmago desta alma irrequieta graves problemas se agitavam.


CAPÍTULO II - 6 - CONCLUSÃO  - Pg. 36


É que as grandes quedas não se realizam de repente, como as grandes virtudes não se adquirem num dia.

Querer julgar Lutero pelos acontecimentos em que passou a exercer influência preponderante na época é recolher efeitos como se fossem causas, e atribuir a um destino cego aquilo que na verdade é uma conclusão final.

A primeira educação na casa paterna, os primeiros estudos, o ambiente em que se encontrava, a conversão – tudo isso constitui necessariamente a trama que devia moldar o caráter e orientar as tendências de Lutero.

Pelas notícias que nos ficaram dos seus tempos escolares nota-se que ele fora um menino traquinas, insubordinado, colérico, e dado à independência e insubmissão. Não se castiga continuamente um aluno bem comportado e exemplar. E Lutero foi punido a toda hora.

Não concorde e sempre reclamando contra penas e ordens, de contínuo avesso a quem não lhe seguisse às idéias, assim cresceu o futuro “reformador”.

Pertencendo a uma época bastante viciada, privado de carinho e vigilância, a estrada de corrupção precoce estava largamente aberta em sua frente, prometendo saciar-lhe os instintos...

Ao orgulho juntou-se a imoralidade. A acusação é grave. Exige provas. Ei-las:



Referindo-se à sua vida anterior à conversão, deixou ele um dia escapar estas palavras: 



“Sim, fui um grande, triste e vergonhoso pecador; tive uma juventude culpada” (Weimar, 26, 508). 



Relacionados também com este período da vida de Lutero há dois documentos contemporâneos, bem desfavoráveis à integridade de seus costumes. 



O primeiro é de Jerônimo Dumgersheim, que, num escrito contra o herege, assacou-lhe publicamente os maus




CAPÍTULO II - 6 - CONCLUSÃO  - Pg. 37


 hábitos de sua vida de estudante, continuados depois, e causadores de sua apostasia. 


Noutra parte o mesmo autor falou de faltas graves, e apelou para o testemunho de um daqueles camaradas que depois o acompanharam até à porta do convento. 

O segundo depoimento de Jerônimo Emser que conhecera Lutero quando estudante em Erfurt. 

Em 1520, numa polêmica, o monge revoltoso lembrou alguns deslizes do seu adversário. Emser, que não era irrepreensível, retrucou-lhe no mesmo tom: 

“Ignoras talvez que a teu respeito eu saiba de faltas bem graves?...” 

E Lutero não prolongou o ataque, ele que nunca deixava o contendor sem resposta!... Aí ele emudeceu e nem a Dumgersheim, nem a Emser respondeu palavra. 

Tudo o que foi dito neste capítulo faz sobre-sair em cores bastante vivas a primeira fase da vida que estamos expondo.





DLP-III

CAPÍTULO III

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A QUEDA DE LUTERO

A fisionomia da mocidade de Lutero já nos é conhecida. Esse período de sua existência não foi, de certo, a preparação condigna para a missão tão sublime de quem se dizia chamado por Deus para mudar por completo as idéias de um século e reformar a Igreja de Cristo.

Bom é que o leitor saiba logo nada estar eu adiantando por minha conta e risco. A minha apreciação vai apoiada sobre os documentos contemporâneos, pois recorri aos melhores autores modernos que relataram os fatos (*).
Anteriormente vimos as tendências de sua meninice; estas já se apresentam como sinais certos na mocidade; afinal, na idade madura, serão fatos consumados. Temos assim, realizada a palavra da sabedoria:
“O homem não se afastará, na velhice, do caminho seguido em sua mocidade. O que não juntaste em tua juventude, como o poderás encontrar em tua velhice?” (Eclesiástico 25,5)
Entremos agora nos meandros da segunda fase desta existência, tristemente célebre e cinicamente corrupta.



WITTEMBERG

1. O ESTADO DE ALMA E A CONVERSÃO DE LUTERO



Vimos Lutero exercendo o professorado na universidade de Wittemberg: aí insensivelmente se precipitou no maiores absurdos e erros que, por cúmulo de obcecação mental, tomou como “A DESCOBERTA DA VERDADE”, sepultada pelos antigos.
Pode-se acreditar na sinceridade de sua conversão? Optamos pela afirmativa, muito

embora se possa admitir que o principal móvel desta mudança de vida tenha sido o temor dos castigos que o desejo de servir a Deus.
Por que este medo?... Devido aos dois motivos já expostos: o seu gênio arrebatado que nos primeiros anos lhe atraíra tantos castigos, e sua vida livre e desregrada da mocidade.
Examinando-se tudo atentamente, nota-se que a conversão de Lutero, conquanto se tenha como sincera de sua parte, não possuía fundamentos suficientemente sobrenaturais, para agüentar o peso de sua estado de sacrifícios preparativos à santidade.

Ingressando no convento, o seu ânimo irrequieto achou nesta ambiente, quanto nos múltiplos afazeres que o envolviam, uma preocupação para mantê-lo, relativamente à parte externa, na linha reta do dever.

Mas o conhecido axioma – OMNE VIOLENTUM NON DURAT – achou em Lutero a aplicação cabal. Quis sair do mal e praticar o bem; faltando, porém, o apoio sobrenatural à sua resolução, este seu voluntarismo, redundando num esforço contínuo, se transformou, para ele, num jugo e num tormento.

Esta oposição formal entre as idéias, ou tendências de Lutero, e o seu teor de vida, gerou nele um terrível escrúpulo, pelos modernos psicólogos denominado OBSESSÃO; estado de alma em mais comum do que geralmente se cogita, sobretudo entre estudantes e intelectuais.
>>>> Obsessão ou Escrúpulo? <<<<<
Para disfarçar a sua realidade, empresta-se-lhe o nome benigno de neurastenia, nervosismo, mania; no entanto, fundamentalmente, não passa de uma verdadeira moléstia: a OBSESSÃO ou o ESCRÚPULO.
Ao começar manifestar-se, esta importuna impressão é mal e mal perceptível, não indo além de um abatimento que inquieta, de qualquer coisa obscura e AMEAÇADORA. Logo, porém, esta disposição se altera: o pavor se determina, a IDÉIA fixa aparece como fator principal e pesa sobre todas as deliberações da pessoa, influindo em sua vida afetiva, sobre tudo o que faz; num palavra, tal idéia IMPORTUNA E PACIENTE.



Muitas vezes não ultrapassa os limites de um simples “talvez”, mas é uma dúvida inquietante a martirizar o doente; tal estado, afinal, assume, assim, pouco a pouco, aspecto de verdadeira loucura.

Como efeito do fenômeno, o obsesso se vê assaltado de vacilações da mente, condenado a nunca encontrar certeza, exatamente nas questões que mais de perto lhe dizem respeito. Basta pretender ele uma coisa, para logo se lhe apresentarem as mais fantásticas indecisões, aborrecendo-o e impelindo-o a odiar o que mais amava e apetecia.

Foi em conseqüência desta disposição, que Lutero viu nas moléstias que o atingiram, até em simples acidentes sem importância, tremendas ameaças e castigos de Deus. Isto nos revela a sua decisão repentina de se fazer monge.Desde então já ele era vítima de uma obsessão de cuja tirania inutilmente procurou safar-se.
Estas ligeiras observações psicológicas acham confirmação plena nas palavras e nos gestos subseqüentes de Lutero, após a entrada no convento. Ouçamos algo de seus escrito de 1535, em Wittemberg, já ex-frade, no seu comentário à epístola aos Gálatas:

“Quando ainda monge, julgava-me perdido, sem salvação possível, sentindo, com tamanha violência, impulsos e atrativos pecaminosos e uma tendência acentuada à cólera, ao ódio e à inveja, contra um dos meus irmãos de hábito. Este mal se renovava continuamente, não podendo eu encontrar descanso.
E prossegue:

“Ah! Se tivesse então compreendido a palavra de Paulo: ‘a carne luta contra o espírito e ambos se hostilizam mutuamente” (Erl. Com. In Gall. III);
Tudo isso acentua sempre mais a grande desgraça do escrúpulo ou da obsessão a persegui-lo desde a Infância.
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(*) Além do livro de Grisar e das obras de Lutero, recolhidas por Weimar, estou seguindo particularmente um autor holandês: H. J. Achters: “Luther, leven, persoon, leer”, resumo de tudo o que se tem dito de mais fundado sobre Lutero.
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2. Os escrúpulos de Lutero

Segundo vimos, nosso homem era nada menos que um escrupuloso e um obsesso pela idéia fixa do rigor de Deus.

Desconhecendo a influência deste estado psicológico naum pessoa, os protestantes não o admitem em Lutero, e chegam a atribuir erradamente ao Catolicismo as mazelas todas do "reformador". É que, para eles, CHEFE tem de ser sempre o HEROI, cuja sede da verdade e cujos anseios de paz com Deus não encontraram na Igreja Católica possibilidade de serem satisfeitos.

Aí estão, para atestar o estado anormal do espírito de Lutero, hsitoriadores de renome, homens de primeiro valor, como Grisar, Denifle, Paquier, Duinster, etc. Otto Scheel, escritor protestante, atesta ter sido Lutero frequentemente repreendido durante o seu noviciado, porque, perturbando-continuadamente, enxergava todas as coisas através do prisma dos seus escrúpulos, segundo os quais tudo era pecado.

Qual a causa de tão aflitivo estado dalma?

Simplesmente a falsa concepção de Lutero sobre a graça divina. Por certo ele aspirava gosar aquela paz e alegria infundida pela graça no espírito; não lhse era suficiente a certeza moral de estar bem com Deus; desejava obter uma prova sensível, esta consolação que, às vezes, Deus concede a algumas almas lgenerosas e frequentamente recusa a outras.

Superiores e mestres espirituais apontaram-lhe o erro. Tempo perdido. Lutero seguiu a sua própria idéia, a ninguém querendo submeter-se.

Foram impotentes para remedial o mal as violentas práticas de mortificação a que de contínuo recorria. O defeito era de outras naturza, pois não passava de uma espécie de "ultimatum"! lançado à face de Nosso Senhor.

Já Sango Agostinho se expressava admiravelmente a respeito: VIS FUGERE A DEO, FUGE IN DEUM - quem quiser fugir de Deus, nele se refugie. O pobre Lutero muito ao invés, parecia nunca haver sentido a doce e consoladora intimidade com Deus, lançando-se cegamente nas garras do demônio, quando era o seu lugar o regaço carinhoso do Pai.

Em vista de tão lastimável estado, foi ele aos poucos abandonando as orações prescritas aos sacerdotes, e se absorvia, de corpo e alma, na atividade exterior, envolvente, materializante, e tanto que, em 1516, escrevia assim a Lange:

"Raramente me sobra tempo para rezar o breviário e celebrar a missa; acrescentem-se a isto as tentações que padeço". (Wette I, 41).

Eis aí iminente a desgraça de Lutero. Era um vbencido, a entregar as armas, capitulando velrgonhosamente.

O pobre monge começou, desde aquela hora, a indagar de si para si: por que não encontro eu a paz e a satisfação no convento? Por que me sinto hoje mais desanimado do que nos primeiros dias de noviciado? Após tantos esforços nada consegui. E se não me salvar no papismo, haverá possibilidade de algum outro o conseguir?... (Wachters; Luther, 46).

Perante seu espírito turbulento e povoado de revolta surgiu então o fantasma do erro. Veio em seguida a indagação: Não haverá na natureza humana um foco de inclinações perverssas, mais pujante do que a nossa vontade, o qual nos consome, sendo-nos impossível apagar-lhe as chamas?

E, dando ouvidos ao seu caráter voluntarioso e às idéias pessoais, concluiu afinal: "A natureza humana está corrompida pelo pecado original, até às últimas fibras, e o desejo do mal é invencível". (Jaques Maurtain: Trois Refomateurs 1925).

Era a irremediável, a heresia formal. Destarte se estabeleceu a fonte de todos os seus erros e culpas. O desastre teve como ponto de partido o escrúpulo, a obsessão, o medo de Deus, a rebelião contra tudo e contra todos. E tal espírito doentio jogou-o no abismo. Sabe-se aliás, que um escrupulosos, de um dia para outro, pode cair no excesso oposto ao de seu escrúpulo. Para muitos tal disposição conduz a um laxismo corrptor. Para Lutero, porém, levou-o à fundação de uma nova seita religiosa.

3. Conclusão

Lutero se pervertera, pois, de corpo e alma. Desde então era um decaído, entregue ao vício, perdido em deboches. E, com pouco tempo mais, um revoltoso em franca rebelião contra a sociedade, contra a Igreja e contra Deus.

Narrando este seu estado de ânimo, disse certa vez: "Todos aqueles aos quais eu comunicara o meu estado, me diziam logo: Não compreendo a sua dificuldade. E refletia: será que sou o único a debater-me em situação tão triste, somente eu é que sou tão tentado?... De fato, em toda parte eu via visões horríveis e aparências de fantasmas". (Hausrath: Luther leben, p. 30).

Mesmo a confissão, que a todos os cristãos traz alíveio e paz, veio a ser, para ele, uma fonte de tormentos. Desanimado, procurava recurso de slavação, sem lograr encontrá-lo. Lutero olvidara o doce Cristo que dissera: "Vinde a mim todos vós que sofreis a vos achais carregados, e eu vos aliviarei" (Mat XI, 28).;

O Jesus do tabernáculo, prisioneiro do amor, não era para ele mais do que um juiz encolerizado, sentando-se ameaçador sobre um arco-iris" (Wachters, p.44).

Confesso-te, dizia a um amigo, ainda no mesmo ano de 1516, que a minha vida mais e mais dse aproxima do infoerno; torno-me sempre pior e mais execrável".(Enders I, 16).

Pouco tempo antes, (1515), comunicando seu estado dalma ao superior, Pe. Staupitz, revelou-lhe dolorosamente: "Sou um homem exposto e implicado na má sociedade, na crápula, nos movimentos carnais, em negligências e noutros incômodos a que se vêm juntar os do meu próprio ofício" (Wette I, 232).

Tais palavras deixam entrever com clareza o que era no íntimo a alma de Lutero. Escessivamente orgulhoso a ninguém queria sujeitar-se. Em certos momentos, porém, por mais humilhante que tal se lhe afigurasse, escapava-lhe a confissão da verdade, quais as abafadas labaredas de um incêndio interior, forcejando evadir-se.

Depois, qualquer ocasião favorável mudalr-lhe-ia a obsessão em revolgta externa a entregá-lo, acorrentado, ao domínio das paixões mais abjetas que não conseguira vencer, por desperezar os meios adequados, não renunciar às idéias fixas e esquivar-se à obediência. Convertgerla-se POR MEDO. E ainda o medo fá-lo-á depois cair no lamaçal do vício.

O amor para com Deus e as almas não lograra apossar-se de seu coração. E foi preenchido este vácuo pela rebelião, pelo rancor odiento e pelas baixezas carnais.

Não o impressionou em absoluto a bondade divina. Isolado, porém, na sua miséria, envolto na soberb a, quis ditar leis ao próprio Deus e a ele se impor. Então Deus se afastgou do miserável que o repelira, deixando-o entregue aos instintos das próprio perversidade.

Deus dá a sua graça aos humildes, mas resiste aos sobverbos (Pr 3,34).



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Capítulo IV


DLP-IV - INDULGÊNCIAS, DECLARAÇÃO DE GUERRA, REAÇÃO DA IGREJA, DEBATE EM LEIPZIG E FÚRIA DE LUTERO

CAPÍTULO IV

Índice do Livro


A ENTRADA EM CENA

Dada a índole turbulenta de Lutero, compreende-se logo que as suas novas doutrinas enunciando: - SÓ A BÍBLIA É NECESSÁRIA, - e É A FÉ QUE SALVA – não ficariam encerradas no limitado espaço de sua cela monacal. O frade revoltoso não era homem de meias medidas; depois de cair, necessariamente arrastaria outro consigo, pois as idéias concebidas na leitura falsificada da Epístola ao Romanos tornaram nele logo uma verdadeira OBSESSÃO, passando a informar toda a sua vida e as suas atividades.

Faltava apenas uma ocasião azada para serem manifestadas em público. E esta circunstância não tardou. Foi a pregação das indulgências na Alemanha.

Conforme confessou o próprio reformador, pouco significaram para ele tais benefícios espirituais, chegando mesmo a dizer ignorar o que fosse uma indulgência (W. W. I. 65).

Analisemos, aqui, o desenrolar dos fatos intitulados por nós: A ENTRADA DE LUTERO EM CENA.

1. A QUESTÃO DAS INDULGÊNCIAS

Havia tempo que a Santa Sé projetava construir em Roma uma grande basílica em honra de São Pedro, em substituição à velha igreja do mesmo nome.

A idéia do Papa Júlio II, em 1506, era fazer que a catolicidade contribuísse para levantar-se o monumento que devia ser como que a manifestação pública da unidade católica; o projeto ultrapassava so mais suntuosos edifícios do mundo. Para que os católicos de todo o mundo se interessassem pela obra comum, o Papa concedeu uma indulgência particular a todos os cooperadores desta empresa por meio de esmolas.

Já havia tal indulgência sido pregado em quase todos os países, com exceção da Alemanha, devido às grandes somas que, de direito, tenha o império germânico de dar à Roma, o que anteriormente suscitara certo descontentamento.

Julgou o Papa Leão X que tal animosidade desaparecera, podendo, também a Alemanha contribuir, opor seu turno, para ajudar à Basílica de Roma, e, por isso, mandou publicar a Bula das indulgências em março de 1515. Eram condições para se lucrar a indulgência: confissão, comunhão, um dia de jejum, a visita a sete igrejas ou altares e um esmola para a Basílica em construção.

Foi nomeado o arcebispo de Mainz comissário desta indulgência, devendo ela entrar em vigor na Quaresma de 1517. O arcebispo nomeou como vice-comissário do arcebispado de Magdeburgo o dominicano João Tetzel, que já havia exercido a mesma função em Mainz, no ano anterior.

Como desempenhou o padre Tetzel este ofício?...

O dominicano era um orador popular, talentoso, mas, segundo consta das informações de Grisar, cometeu exageros ao explicar o modo de aplicação das indulgências aos vivos. Há quem afirme que os desvios nas expressões do pregador em nada afetaram a sua doutrina, sempre exata.

No ensino eclesiástico, a INDULGÊNCIA É A REMISSÃO DA PENA TEMPORAL DEVIDA AOS PECADOS JÁ PERDOADOS, benefício espiritual que a Igreja concede sob certas cláusulas a quem está em estado de graça, aplicando-lhe os méritos infinitos de Jesus Cristo, e os superabundantes de Maria Santíssima e dos Santos, os quais constituem o tesouro da Igreja.

A indulgência plenária perdoa toda a pena temporal, enquanto a parcial apaga apenas um parte dela. Para se lucrarem as indulgências, importa estar em estado de graça e cumprir o que elas prescrevem.

Em virtude da Comunhão dos Santos, as indulgências podem geralmente ser aplicadas às almas do purgatório, sem que, entretanto saibamos com certeza os frutos praticamente a elas comunicados. Tal aplicação, de fato não depende só da Igreja, senão da vontade de Deus. Depois da revolta de Lutero, e para motivá-la, inventaram os protestantes mil e tantas calúnias contra Tetzel e o objeto de suas pregações, mas os ataques foram sem fundamento e sem provas.

2. A DECLARAÇÃO DE GUERRA

Tetzel não falou em Wittemberg, mas na Saxônia, em Juterbog; desta sorte, Lutero não ouviu pessoalmente a tal pregação, conhecendo-a através das informações de seus alunos e amigos.

Lutero se inflamou, achando favorável a ocasião para agir.

E logo começou, decidido a todos os excessos, com todo o ardor de seu temperamento impetuoso, ávido de proezas e novidades.

Na véspera da festa de Todos os Santos, orago da Igreja dos Agostinianos, uma multidão se acotovelava na praça para ganhar a indulgência da Porciúncula, quando Lutero apareceu com 95 teses contrárias às indulgências, as quais afixou à porta do templo. Era a declaração de guerra religiosa.

O novo herege levantou-se contra o ensino da Teologia, declarando não terem as indulgências valor algum perante Deus, não passando de apenas canônicas impostas pela Igreja. Além disso, negou a doutrina referente ao tesouro da Igreja (*).








Lutero comparava as indulgência a
Uma Rede de Pescador

Finalmente pergunta Lutero: por que o Papa não constrói a basílica de São Pedro com seu próprio dinheiro, ele que possui riquezas maiores do que o mais abastado Cresus, em vez de recorrer aos fiéis pobres?...

No mesmo dia o revoltoso remeteu as teses ao arcebispo de Mainz, aconselhando-o a substituir a pregação das indulgências por outras, para evitar se escrevesse contra esta doutrina.


furiosamente
atacado Por Lutero

Tetzel, prevendo a significação e a rápida propaganda das teses de Lutero, pôs-se logo em campanha contra o adversário. Para este fim, publicou uma lista de 106 proposições por ele defendidas, em 20 de janeiro de 1518, publicamente, diante da Universidade de Francfort. Lutero estava com as armas e, em vez de refletir e comparar as doutrinas expostas por ele com as do seu adversário, começou a atacar com furor mal contido a doutrina escolástica sobre a confissão, a contrição e a satisfação.

Aos amigos que lhe observaram a excentricidade da nova doutrina, Lutero retrucou com aquela sua teimosia costumeira:

“Pouco me importa alguns me considerarem herege; são cérebros escuros que mal cheiraram a Bíblia”.

Permaneceu Tetzel firme e com perspicácia e preparo teológico que o exornavam, compreendeu logo profundamente a perversidade das teorias luteranas.

Enquanto muitos teólogo viram nestas discussões uma simples questão de palavras, Tetzel sentia estar em jogo uma verdadeira heresia, cujas conseqüências abalariam a fé em muitos católicos.

De fato, a questão das indulgências foi desaparecendo rapidamente e, já em maio de 1518, toda a discussão se deslocara para a autoridade da Igreja. A novidade se espalhou célebre no meio do povo, que apreciava sobretudo a crítica de certos deslizes reais ou fictícios entre o clero e a instigação contra o pagamento de qualquer tributo ou sustento porventura exigido pela Igreja.. O povo não atinou logo não se trata aqui simplesmente de criticar abusos, mas ser desejo dos rebeldes um rompimento completo com a doutrina e a autoridade da Igreja.

(*) AFINAL, LUTERO NEGAVA OU NÃO NEGAVA AS INDUGÊNCIAS? - Vejam o que ele escreveu na Tese 91: -
"Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido” (Tese 91)
3. PRIMEIRA REAÇÃO DA IGREJA

As idéias revolucionárias do heresiarca ecoaram na Alemanha inteira e abalaram a crença de muitos, tanto mais que o terreno se achava admiravelmente preparado para receber qualquer semente de protesto e insurreição.

Efetivamente, o século XVI era de uma quase universal decadência, e a Religião divina não escapava em sua parte material, ao influxo de ambiente tão corruptor dos costumes.

Havia abusos nos governos, e até no governo subalterno da Igreja, devido à ambição das honrarias, da fortuna e das posições. A doutrina católica não vacilou jamais, por ter as promessas divinas; o seus dirigente, porém seus membros são homens e, como tais, susceptíveis de se deixarem impregnar pelas idéias dos lugares, onde nascem e onde são educados.

Infelizmente, muito não sabem distinguir entre DOUTRINA e PESSOA, confundindo esta com aquela e atribuindo à primeira, - o que aconteceu com Lutero, - o que é exclusivamente da segunda.

É o que aconteceu com Lutero e seus asseclas, admitindo-se estivessem em boa fé nesta guerra contra a Igreja.

Havia defeitos na vida dos católicos; não os havia, porém, no ensino eclesiástico.

Pretendiam os descontentes atacar os abusos; podiam fazê-lo. Mas, ao invés, atacaram a doutrina, deixando subsistirem os abusos que cresciam cada vez mais, demolindo-se o verdadeiro ensino em proveito das pessoas ou dos seus erros.

Foi esta a grande aberração, ou a triste confusão de Lutero. O arcebispo de Mainz, D. Aberto de Brandeburg, vendo o erro tomar vulto, denunciou-o a Roma em janeiro de 1518,

Em 3 de fevereiro daquele ano, o Papa Leão X escreveu ao substituto do Superior geral dos Agostinianos, encarregando-o de persuadir Lutero, seu súdito, a desistir de suas opiniões perigosas ou erradas, para evitar que desta faísca do erro resultasse um incêndio, impossível talvez de se apagar mais tarde.

Infelizmente, já não era uma simples fagulha, mas uma fogueira que lavrava. Parece ter Lutero encontrado em sua ordem vários cúmplices, partilhando das suas idéias e erros.

A única medida, que se conhece tomada pelos seus superiores, foi a de impedir a reeleição de Lutero como vigário de distrito.

Não continuou em seu cargo o monge deposto, prosseguindo, porém, em sua revolta, atacando a doutrina e a autoridade da Igreja Católica.

4. LUTERO E O PAPA

Em face da persistência de Lutero, os Dominicanos o denunciaram outra vez a Roma.

O monge rebelde receava a excomunhão e, prevendo-a, procurou evitar a impressão, que necessariamente ela exerceria sobre o público.

Em maio de 1518 pregou sobre as CONSEQÜÊNCIAS DA EXCOMUNHÃO, procurando mitigá-las o mais possível e dispor o espírito da população em seu favor.

Na mesma ocasião mandou ao Papa Leão X uma defesa de seus ensinos sobre as indulgências, queixando-se das acusações injustas a ele feitas.

Conta, a seu modo e de maneira falsa, a causa desta luta, declarando “Não posso retratar-me”. Apesar desta teimosia, declarou pela mesma carta escutar a voz de Leão, como sendo a voz de Cristo, que fala e dirige por ele:

“Faze-me viver e matar, chama, aprova, rejeita como te agradar” escreve ao Papa; e, ao mesmo tempo, em linguagem desabrida e com revoltante cinismo, escreve a um amigo: “Pouco me importa agrade ou não ao Papa, homem como os outros. Houve até Papas que não só cometeram erros e crimes, mas até monstruosidades. Eu escuto o Papa como Papa, quando ensina as leis da Igreja, de acordo com os Concílios, mas não quando ele fala por própria cabeça” (Obras de Lutero, Weimar).

Julgou a Santa Sé de seu dever adotar novas providências contra ele. Chamou Lutero a Roma, onde devia apresentar-se dentro de 60 dias.

Este estava resolvido a não obedecer e procurou proteção junto do príncipe Frederico e do imperador Maximiliano.

Solicitou a Frederico que o chamasse perante o Conselho do reino, então reunido em Ausburgo, por querer ser julgado por juízes alemães.

Para não irritar os espíritos, o Papa lhe concedeu permissão de comparecer em Augsburgo, ante o legado da Santa Sé, o Cardeal Cajetano, com faculdades para tratar do assunto.

Catedral de Augsburgo


Em 7 de outubro chegou Lutero a Augsburgo tendo ali várias conferências e entrevistas com o príncipe Frederico e o Cardeal, nos dias 12 e 13 do mesmo mês.

O enviado papal mostrou-se bondoso e paciente, e, tendo-lhe Lutero declarado estar pronto a seguir em suas palavras e obras, a doutrina da Igreja de Roma, indicou-lhe o dignitário os dois erros notórios: a negação dos tesouros da Igreja como depositária das indulgências, e a opinião da exclusividade de salvação pela fé somente.

O cardeal não admitiu discussões, já que os dois pontos se opunham formalmente à doutrina da Igreja. Lutero respondeu ao legado:

“Não posso retratar-me, se não me provarem ter ensinado qualquer coisa contrária às Escrituras, aos Santos Padres, às decisões dos Papas ou do bom senso”.

A entrevista terminou infrutífera; o monge revoltoso protestava obedecer em tudo ao Papa, enquanto ao mesmo tempo não concordava com ele em nada.

Dali se retirou Lutero para a residência onde se hospedava, mas, com espanto geral, fugiu secretamente de Augsburgo, na noite de 20 para 21 de outubro, regressando a Wittemberg, onde achou apoio na pessoa do seu superior Stuapitz. Lutero, depois de ter feito um papel tão triste e covarde, sentia-se satisfeito em ver-se longe de Augsburgo, onde não encontrará o esperando apoio.

Em 28 de novembro, para desculpar-se, apelou da sentença do Papa, para um Concílio geral.

Era apenas um meio de ganhar tempo.

Lutero estava definitivamente perdido e cada vez mais teimoso em suas idéias de revolta.

Uma carta a seu amigo Lenk, de Nuremberg, nos transmite as suas verdadeiras idéias e o seu ódio ao Papa.

“A luta não está nem começada”, escreve ele, “longe de estes senhores poderem esperar o fim. Remeto-lhe a relação dos fatos de Augsburgo, para ver que, como julgo, o verdadeiro Anticristo de que fala Paulo reina na Sé de Roma; penso poder provar que ele é pior que os turcos” (Enders Correp. I. 316-II/12/1518).

Quem fala deste modo está decidido a continuar no erro e segui-lo até o fim.

Lutero prosseguirá com seus discursos inflamados de insubmissão e um dia exclamara cheio de amor próprio:

“Roma pode experimentar condenar-me, mas Cristo, por sua vez, jamais se afastará de mim” (Cartas I. 30,.320 a Staupitz 13 dez.1518).

5. A DISCUSSÃO DE LEIPZIG

Exteriormente a luta acalmara um pouco.

Roma protelava, aguardando a conversão do filho pródigo.

Tendo falecido o imperador Miximiliano, em 12 de janeiro de 1519, foi só depois da eleição do seu sucessor Carlos V (out. de 1519) que o processo contra Lutero foi retomado. Nesse ínterim um novo acontecimento patenteara a má vontade de Lutero: a discussão de Leipzig.

Os erros de Lutero foram-se espalhando com a repulsa de uns e a aprovação de outros. Em breve as próprias universidades da Alemanha veriam as suas opiniões divididas, efeito das dúvidas e discussões suscitadas.

O enfraquecimento da fé e o relaxamento da moral eram um terreno propício para as novidades e revoltas.

As universidades de Wittemberg, Ingolstad e Leipzig combinaram entre si um debate público para resolver a pendência. O lugar escolhido foi o castelo do conde Jorge de Sax, em Leipzig. Ali deviam reunir-se os representantes de cada partido.

O salão de honra do castelo foi dividido em duas partes destinadas às duas facções, com dois púlpitos no centro, um em frente ao outro.

A discussão teve início a 27 de junho de 1519 entre Carlostad e Eck. O enviado de Lutero foi vergonhosamente vencido, não podendo provar as suas teses, nem refutar as do seu antagonista.

Referindo-se, mais tarde, a esse fracasso, falou Lutero:

“Em Leipzig Carlostad recolheu vergonha em vez de honra, mostrando-se um miserável polemista, com espírito tapado e tolo” (H. Boeckmer: Der Junge Luther 1929, pág. 255).

A impressão foi péssima para a pretensa reforma. Os partidários chamaram Lutero para vingar a desfeita e soerguer a honra comprometida da nova doutrina.
Lutero cai em contradição e sai
derrotado pelo católico Dr. Eck
Em 4 de julho re-encetou-se a polêmica, desta vez entre Lutero e Dr.
Eck. Tudo convergiu logo para a palpitante questão: a autoridade da Igreja em matéria doutrina.

Lutero havia opugnado as indulgências, proclamando o valor supremo da Bíblia e a inutilidade das boas obras, mas não tinha ainda opinião formada sobre a jurisdição da Igreja em questões de doutrina.

Caiu em contradição, titubeou, aderindo, publicamente às condenadas doutrinas de Huss, rejeitando a autoridade da Igreja. O Dr. Eck refutou vitoriosamente as asserções heréticas, e Lutero não fez papel mais brilhante do que o seu representante vencido, Carlostad.

Os ânimos dos sectários se exaltaram e vários começaram a grita contra as asserções católicas de Eck.

A 14 de julho encerrou-se a discussão, levando os louros do triunfo o Dr. Eck, como o próprio Lutero depois declarou em uma carta a Melanchton:

“Eck tem as vantagens: ele triunfa e reina. Estes leipziganos não nos saudaram, nem visitaram, mas nos trataram como inimigos, enquanto acompanharam Eck em toda parte... para nossa vergonha... aí está todo o drama: começou mal e acabou pior... discutimos mal” (Enders: corr. II, 85, 20 de julho de 1519).

O conde Jorge de Saxe, o povo de Leipzig, a universidade e os católicos hesitantes sentiram-se fortalecidos em sua fé, mas Lutero, recolhendo-se sob a capa do seu amor próprio ferido, se tornou cada vez mais intratável e grosseiro.

Ei-lo feito definitivamente herege.

6. FURORES DE LUTERO

Lutero compreendeu que Roma, diante destes acontecimentos, não mais permaneceria por muito tempo calada e resolveu tomar a frente , para romper publicamente com o papado.

Em 1520 publicou um pasquim intitulado: “Do Papado de Roma”.

Era uma resposta violenta e grosseira ao franciscano Agostinho Halfeld, que publicara um escrito em defesa dos direito divinos do papado.

Este escrito, segundo atestou um protestante daquele tempo, zombava da lógica e punha a sua força em grandes palavras. Tratava Halfeld de asno, que não sabe zurrar, e expunha a sua doutrina herética sobrte o reino invisível da Igreja e o sacerdócio universal, que não deixavam mais lugar para o papado.

O monge revoltoso tornou-se um verdadeiro energúmeno, blasfemando, insultando a todos os que não estavam pelas suas idéias.

PRIEIRAS havia refutado alguns erros de Lutero. Este não demora com a resposta:

“Este homem miserável, escreve ele, produziu um escrito que parece feito pelo próprio Satanás, no fundo do inferno.,.. se tal é a doutrina de Roma, eu declaro que verdadeiramente o anticristo está sentado no templo de Deus e reina em Roma, a verdadeira Babilônia, revestido de púrpura, sendo a corte de Roma a sinagoga de Satã”

O furibundo monge continua, parecendo um verdadeiro possesso:

“Contra a cólera da Cúria Romana”, continua ele “parece não haver mais outro meio senão que o imperador, reis e príncipes enfrentem esta peste pela força das armas e a estirpem da terra”.

“Se nós castigamos ladrões com a forca, bandidos com a espada, hereges com o fogo, por que não agredimos com qualquer arma estes doutrinadores da corrupção, estes cardeais, estes papas e toda esta bicharada da Sodoma romana, que leva toda Igreja à putrefação? Por que não lavamos as nossas mãos no sangue dele?” (Corresp. III. 73. jan. 1521)

O dominicano inquisidor Jacques von Hostraten não é melhor acolhido.

Na expressão de Lutero, ele é um assassino, doido e sanguinolento, que não pode ser saciado senão pelo sangue dos cristãos... deve procurar besouros nas estrumeiras, em vez de cristãos, até aprender o que é pecado, erro e heresia... pois, continua o monge furibundo, nunca vi maior burro do que tu... és uma cabeça cega, tapada; tu, cão raivoso... inimigo da verdade, herege, pois trazes em ti mais veneno o que todos os hereges deste últimos 4.000 anos (Obras Lutero, Weimar II. 384).
As universidades de Lovaina e de Colônia não escaparam à sanha furibunda do reformador. Segundo o costume daqueles, haviam se pronunciado contrárias a certas asserções do professor de Wittemberg. Este lhes respondeu logo:

“Enquanto não me tiverdes refutado, ligo tanto às vossas condenações, quanto me importo com as blasfêmias de uma mulher bêbada!” (Obras Weimar VI. 157).

Em uma carta a seu amigo Spalatino, trata estes doutores de “asnos de Lovaina e de Colônia”.
Em 1518, Lutero exclama com razão:

“Eu sou completamente o homem das disputas, sou segundo as palavras de Jeremias, o homem da discórdia” (Grisar I. 340).

7. CONCLUSÃO

Eis como Lutero entrou em cena.

Vê-se logo não ser um reformador desejoso de extirpar abusos e de reconduzir os homens à prática de virtudes que tinham abandonado.

É um homem, só confiante em seu próprio valor e na sua personalidade, orgulhoso ao ponto de preferir as sua opiniões às do mundo inteiro; é um espírito irrequieto à cata de novidades, ou, como vimos no começo, um homem obsesso por uma idéia fixa, que pretende impor-se a todos.

Numa palavra, é um anormal, doente, uma espécie de nevropata.

Se, neste tempo, houvesse existido o espiritismo, é de presumir se houvesse Lutero lançado, de corpo de alma, nas práticas espíritas, sem pensar na fundação de uma seita herética.

Às pessoas sensatas pergunto se tal pode ser a disposição, o modo de agir, as pretensões de um reformador de religião, de um homem escolhido por Deus, como dizem os protestantes, para reconduzir a Igreja verdadeira à pureza de seus princípio e das suas doutrinas.

É impossível.

O simples bom senso protesta contra a asserção crentista.

O reformador de uma religião divina devia ser pelo menos, um homem de virtude, calmo, prudente; Lutero, no entanto, se apresenta como um vulgar insultador, insolente, grosseiro, indecente e, muitas vezes grotesco.

Através de sua vida, de suas palavras e atos, sente-se unicamente a paixão, o orgulho, a sensualidade, o espírito de revolta.

Lutero, pela doutrina, é o fundador do protestantismo; pelos atos, é o fundador da mentalidade comunista-revolucionária.

Convinha salientar bem esta primeira fase da vida pública de Lutero, pois ela constitui, com os seus prelúdios já expostos, as premissas das inúmeras conclusões que, em breve, seremos impelidos a extrair desta vida agitada e tristemente fecunda.


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Capítulo V